Qual foi a maior bolha na moderna história financeira?

17/08/2018

A resposta tem que ser o Japão nos anos 80. Nenhum outro realmente chega perto!

Na verdade não seria um absurdo argumentar que tanto a bolha imobiliária como a bolha no mercado acionário japonês, em conjunto, constituem a maior bolha da história financeira.

O que aconteceu por lá durante os anos 80 é tão chocante que deixa os mais novatos incrédulos. 

Durante os anos 80, o índice Nikkei se valorizou 500%, registrando um múltiplo de preço/lucro (P/L) em 1989 de 60x. Um nível bem acima do múltiplo de 24x que é registrado atualmente pelo índice S&P 500 nos EUA.

Mas, o que foi mais absurdo mesmo, foi a bolha imobiliária que fez com que o preço do metro quadrado japonês se valorizasse 5.000%. O símbolo de tamanha euforia pode ser visto através de uma já conhecida estatística que diz que o terreno do Palácio Imperial em Tokyo chegou a valer mais do que toda a área da Califórnia!

Como todas as bolhas financeiras, a japonesa era baseada em uma narrativa que tudo daria certo para o Japão. Nas faculdades estudavam o plano Deming. Akio Morita, co-fundador da Sony, era um mito.

O mundo ficou impressionado quando a Mitsubishi Real Estate, uma das empresas mais atuantes no setor imobiliário japonês, anunciou em 1989 a compra de 51% do Rockfeller Group, dono do Rockfeller Center, do Radio City Music Hall e outros prédios no centro de Manhattan. Na época o New York Times publicou seu jornal com a seguinte manchete: "Japan buys the Center of New York" (O Japão compra a parte central de Nova York). 

Observe na tabela abaixo o número de empresas japonesas entre as maiores empresas listadas no mundo durante a década que se iniciou em 1990.

Hoje, entretanto, não há uma empresa japonesa sequer no top 10. Na verdade, para chegarmos na empresa japonesa melhor posicionada em tal ranking, devemos descer bem até a posição de número 32, referente à Toyota.

Mas, como toda bolha, a japonesa chegou ao fim em 1990. Após fechar o ano de 1989 a 38.916, o índice Nikkei despencou 38% no ano seguinte. Os acontecimentos subsequentes frustraram toda uma geração de investidores que passaram duas décadas testemunhando um dos mais longos declínios já registrados no mercado de ações. O índice japonês foi registrar sua mínima lá na crise de 2008, quase 20 anos depois de sua máxima.

Hoje, mesmo após uma valorização de 200% desde grande crise de 2008, o índice Nikkei ainda está 41% abaixo de sua máxima registrada.

Marink Martins


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