Quando devo colocar o “lucro” no bolso?

05/05/2021

Se você é um daqueles felizardos que estava na renda fixa durante o início da pandemia e aproveitou o recuo dos mercados para adquirir ações a preços convidativos durante a recessão, agora você enfrenta um outro tipo de problema: vender o ativo ou continuar apostando?

Tem sempre aquele amigo (ou inimigo) que vem com aquela famosa frase: lugar de lucro é no bolso. Devo confessar que disse algo desta natureza ao meu sogro em setembro de 2005 quanto a sua posição comprada em ações da CSN. Felizmente, ele não me deu ouvidos e "surfou" a alta exponencial do papel registrada ao longo dos dois anos subsequentes. Este evento contribuiu para que as minhas análises passassem a ter um foco de curto prazo. Ainda que eu curta discutir tendências de longo prazo, como faço nos meus vídeos Tendências Globais, reconheço que em bolsa não tenho estômago para o longo prazo.

Para os investidores -- em particular aqueles com um horizonte de tempo mais longo -- a decisão a respeito de quando se desfazer de uma aposta vencedora gera angústia. Por isso, compartilho aqui algumas perguntas que podem nos ajudar a chegar a uma resposta de uma forma coerente, sem gerar grandes conflitos internos. São elas:

1. Qual foi a motivação inicial para investir no ativo em questão?

Você comprou de forma tática, buscando "surfar" uma onda de apreciação rápida? Ou será que você comprou apostando em uma tendência de longo prazo? Aqui, o ideal é tentar ser coerente com as motivações originais.

2. Há outras prioridades que necessitam ser sanadas no curto prazo?

Como um exemplo para este tipo de questionamento podemos pensar a respeito da quitação de uma determinada dívida.

3. Existem alternativas de investimentos mais interessantes?

4. Qual é o seu plano de investimentos?

É comum que um determinado ativo passe a ocupar uma maior parcela em uma carteira de investimentos devido a sua apreciação. Promover um rebalanceamento da carteira pode ser uma decisão interessante.

5. Que adversidade provocaria uma maior dor?

Gosto muito deste "approach" para resolver uma determinada questão. Pensando a partir da adversidade, conseguimos conviver melhor com as escolhas. No caso de uma posição "comprada" em ações, podemos buscar avaliar como nosso humor seria afetado em caso de uma variação subsequente positiva e negativa na faixa de 30%.

Há quem diga que na bolsa de valores os agentes nunca estão satisfeitos. Quando a bolsa cai, a maioria chora. Já quando sobe, alguns lamentam ter vendido cedo demais. Outros lamentam não ter comprado o ativo em questão. A verdade é que a bolsa de valores é a terra dos insatisfeitos. Para combater isso só seguindo o conselho do Rei Roberto: É preciso saber viver!

Marink Martins

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