Quando o foco sai do micro para o macro normalmente sinaliza uma maior volatilidade a frente

21/08/2017
S&P 500 (linha laranja), Russell 2000 (linha azul)
S&P 500 (linha laranja), Russell 2000 (linha azul)

Os mercados na última sexta-feira negociaram ao sabor de especulações a respeito da saída de Steve Bannon da equipe de Donald Trump. O curioso é que justamente no momento do anúncio de sua saída, a CNBC fazia uma reportagem no pregão da bolsa de Nova York e pôde registrar uma barulhenta manifestação dos operadores em comemoração a tal evento. Com o fim da divulgação dos resultados do segundo trimestre para as empresas americanas, as atenções passaram de Wall Street para Washington DC, justamente em um momento tipicamente marcado por uma maior volatilidade. Embora alguns analistas insistam em dizer que a saída de Bannon não deverá influenciar a trajetória das reformas, o fato é que já há um ceticismo por parte do mercado com relação a Trump que já pode ser visto quando analisamos o comportamento do índice Russell 2000. Ao contrário do índice S&P 500 que consiste de empresas globais com 40% de suas receitas oriundas de outros países, que não os EUA, o Russell 2000 consiste de empresas menores, com atuação doméstica. No momento em que Donald Trump foi eleito, suas promessas com relação a desregulamentação, redução de impostos e repatriação de capitais impulsionaram as ações destas empresas de menor porte. Nos últimos meses, entretanto, o que era euforia deu lugar para frustração. Enquanto a valorização do S&P 500 ainda está próxima a 10% no ano, a do Russell está zerada.

Nas próximas semanas é possível que o mercado e o congresso americano comecem a discutir sobre o tema do teto da dívida federal americana. O que no passado já fora um "non-event", nos últimos anos passou a ser um instrumento de barganha entre membros do congresso. Os investidores brasileiros devem ficar atentos ao noticiário americano pois um erro estratégico por parte de Trump pode ser o catalizador para um movimento de correção de preços mais intenso.   

Marink Martins, CNPI

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