Quando o mercado te dá um drible

23/06/2020

Tomando emprestado do futebol, podemos dizer que o mercado é hábil no drible assim como foi Garrincha. Acompanhe o mercado minuto a minuto e você fatalmente será "entortado" por seus movimentos aparentemente aleatórios de forma similar àquela praticada pelo jogador famoso por suas pernas tortas que tanta glória deu ao meu querido Botafogo.

Dar sentido aos movimentos de curtíssimo prazo dos mercados sempre foi uma tarefa ingrata. Mesmo assim, da última sexta-feira para cá, tem sido uma tarefa, não só de difícil compreensão, mas também com dribles que me fazem lembrar do "mané".

Na sexta-feira passada, de forma surpreendente, o mercado americano tomou um tombo nos minutos finais e o VIX (medida de volatilidade associada ao índice S&P 500) subiu de 31% para 35%.

Aqui no Brasil um rebalanceamento de carteira contribuiu para um leilão de fechamento bem distorcido. Tão distorcido que, logo em seguida, diversas ações negociaram a preços bem inferiores aqueles registrados no leilão.

Já na manhã de ontem (segunda-feira), o mercado local abriu extremamente forte e foi perdendo força ao longo do dia, mesmo com os índices americanos caminhando em direção oposta.

Para tumultuar, na noite de ontem, Peter Navarro, integrante da equipe econômica de Trump, provocou um distúrbio no mercado ao conceder uma entrevista para a FOX News. Ao responder uma pergunta, ele levou a audiência a crer que o acordo comercial entre os EUA e a China havia chegado ao fim. A notícia repercutiu imediatamente nos mercados, com queda nas bolsas e desvalorização da moeda chinesa. Uma vez corrigido o equívoco, o mercado se recuperou imediatamente.

Já nesta terça-feira temos os mercados para cima novamente. Desta vez, entretanto, temos notícias importantes na área de fusões e aquisições no Brasil. Há quem pense que tudo que vem ocorrendo nos mercados é perfeitamente normal. Talvez seja! Confesso que ando vendo coisas. Ando constantemente comparando alguns eventos atuais com aqueles vividos nos meses que antecederam o estouro da bolha do Nasdaq, em março de 2000. Veja a cronologia abaixo. (Infelizmente não tive tempo de traduzir. Sendo assim, peço desculpas por publicar um material em inglês).

Há semelhanças e divergências entre as épocas. É possível que eu esteja forçando a barra, enfatizando um aspecto em detrimento a diversas peculiaridades da época. Mesmo assim, optei por compartilhar esta tabela com os leitores para chamar atenção como um determinado evento pode se provar um importante catalisador para mudanças de sentimento nos mercados.

Marink Martins

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