Quão eficiente é a medida de volatilidade nos mercados?

10/05/2019

Sabe-se que quando o assunto é volatilidade temos a histórica e a implícita.

A primeira, como o próprio nome diz, está relacionada com o que já ocorreu; com a história. Assim, essa pode ser uma medida de oscilação no preço do ativo objeto em períodos como 1 ano, 6 meses, ou mesmo, nos últimos 30 dias.

Já a volatilidade implícita é um conceito um pouco menos trivial. Trata-se da volatilidade que está embutida nos modelos de precificação dos derivativos. Para quem entende um pouco de contabilidade, a melhor forma para se explicar este conceito é a definir como uma conta de chegada.

Bem, imagine que o preço de um contrato derivativo dependa de um input associado a uma volatilidade. Dado que este preço está lá, evidente nas telas de nossos terminais, refletindo a concretização de diversos negócios, podemos utilizá-los de forma a saber que nível de volatilidade estaria associada aquele preço. A essa volatilidade damos o nome de volatilidade implícita. É essa que realmente importa, pois reflete uma expectativa de oscilação por parte daqueles que negociam tal contrato em questão.

Mas, quão eficiente é tal estimativa? Será que tal estimativa é realmente fruto da expectativa de oscilações futuras no preço do ativo objeto?

Bem, abordo este assunto devido ao fato de estarmos transitando por um período em que a volatilidade implícita associada a ativos como as ações PN da Petrobras está relativamente baixa.

Nesta semana, em particular, tivemos um aumento expressivo na volatilidade implícita associada ao índice S&P 500 enquanto a volatilidade implícita associada ao IBOV e a PETR4 se manteve praticamente estável.

Em sistemas complexos é impossível atribuirmos relações de causa e efeito com precisão. Dito isso, chamo atenção ao fato de que a volatilidade implícita está sujeita a forças de mercado - lei da oferta e da demanda - assim como os preços do ativo.

Vivemos em um mundo onde a volatilidade não é só uma medida de expectativa, mas é também um ativo negociável.

Sendo assim, existem momentos em que há um desequilíbrio de forças entre os comprados e os vendidos em volatilidade. O curioso aqui é muitos dos participantes deste mercado - principalmente os mais novos - não se dão conta a respeito de suas respectivas exposições em relação a oscilações na volatilidade implícita. Por isso mesmo, o posicionamento de um "Mão Forte" no mercado passa a ser determinante para o comportamento da própria volatilidade implícita.

Naturalmente, há sempre um limite para a atuação dos tais "Mãos Fortes". Muitos deles no passado cometeram o abuso da desmedida (se acharam soberanos) e foram massacrados pelas forças de mercado. Mesmo assim, é comum termos participantes que exercem uma maior influência nos preços de um determinado ativo.

Neste momento, em particular, tudo me leva a crer que os "Mãos Fortes" estão vendidos em VOL, mantendo-as baixas, independente do noticiário.

Assim, concluo que o investidor, antes de se posicionar no mercado em algum ativo, deva pesquisar a respeito do nível de volatilidade associada ao ativo em questão. Ao fazer isso, o investidor não só incorpora em seus estudos um input técnico importante, mas também pode avaliar a melhor forma de se posicionar: seja comprando o ativo objeto diretamente, ou seja adquirindo um derivativo associado a este.

Marink Martins 

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