Quatro anos após o Joesley Day - Lições

21/05/2021

No infame Joesley Day, em 18/5/2017, escrevi o texto que acompanha este breve comentário. De lá para cá, já reunimos alguns baques no mercado, sendo que aquele associado a pandemia foi o maior de todos os tempos.

De alguma forma, se você está lendo este comentário, você sobreviveu e saiu mais forte dessa experiência. Sabe-se que as palavras "sempre" e "nunca" não caem muito bem em se tratando dos mercados, mas a verdade é que, em se tratando de ativos denominados em moeda fiduciária, pode-se dizer que os preços (quase sempre) voltam aos patamares anteriores a uma queda expressiva.


Sendo assim, a grande variável é a forma como você reage. Você precisa entender, mesmo que não coloque em prática, o que vem a ser o Princípio de Kelly. Tem tudo a ver com o tamanho adequado de uma operação; um dos principais atributos de uma gestão responsável.

Nesta sexta-feira, amanhecemos com ruídos associados à gestão de preços da Petrobras. Vamos ver como o mercado reage.


Tenha um ótimo fim de semana,

Marink

Texto Publicado no dia 18/5/2017


Como agir diante do "Cisne Negro" da delação dos sócios da JBS?

Dizem que, se a história não se repete, pelo menos rima. Olhando para atrás, há inúmeros eventos nos mercados em que o "momentum" era favorável, até sermos surpreendidos por fatos explosivos, capazes de alterar a rota predominante de forma significativa.

O que há de comum entre estes eventos e que pode ser de alguma valia ao leitor, é o fato de que o tempo necessário para que estes sejam "digeridos" pelo mercado leva dias, se não semanas. Tenho em mente os seguintes eventos: BREXIT (2016), "downgrade" da dívida americana (2011), rejeição do TARP (2008), e bem mais no passado, o início da crise asiática ocorrido no dia do feriado da revolução paulista, dia em que os mercados no Brasil estavam fechados, em 1997.

Em jogo, certamente não é a vida política de Temer ou Aécio, mas sim, a capacidade do país de aprovar reformas necessárias para que o país não se afunde em suas dívidas, e com isso, tenha que monetizá-las, levando a moeda brasileira a forte desvalorizações. Para o "comprado" em ações, é importante como sempre ter em mente o horizonte de investimentos. Você é investidor (horizonte > 1 ano), ou especulador/trader (curto prazo)?

Se investidor, desligue a televisão, e ao invés de focar nos jornais, busque se informar a respeito da saúde financeira das empresas investidas. Se a sua empresa está entre as 20 maiores do Ibovespa, o mais provável é que ela se mostrou resiliente nos últimos meses, e deverá transitar de forma razoável diante deste novo furacão. Agora se você está com o foco no curto prazo, a história nos diz que quem vende primeiro, vende melhor! Abaixo, alguns relatos:

BREXIT - Ocorrido há pouco tempo, este foi um evento rapidamente superado pelo mercado. Mesmo assim, tivemos três dias de queda. Como exemplo, as ações da Vale haviam fechados em forte alta no dia anterior, por volta de R$13,50. Abriram em forte queda após o evento, e seguiram caindo nos dias seguintes, até se aproximar do nível de R$11,00.


"Downgrade" da dívida americana - Ocorrido em 2011, as ações da Petrobras estavam saindo acima de R$23,00. O evento demorou a ser "digerido" pelo mercado, mas quem vendeu primeiro, vendeu muito bem. A ação buscou uma mínima de R$18,50 após vários dias de queda.

Início da crise da ásia em 1997 - Apesar do tempo, lembro-me bem deste dia. Um das estrelas da bolsa era Eletrobras. O papel ia muito bem, negociado por volta de R$800. (Isso mesmo!) A abertura foi em clima de pânico total, por volta de R$680. Não havia compradores. O clima perdurou por meses. A mínima registrada durante a crise foi por volta de R$300.

Para os mais sofisticados, vale observar também que a volatilidade implícita das opções tende a subir em um movimento que também deve durar por alguns dias.

O dia hoje será marcado por muito nervosismo. O mais importante, entretanto, é buscar a sobrevivência. O mercado certamente irá superar este evento. Se você está alavancado, não hesite! Limite suas perdas!

Marink Martins

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