Reminiscências da primeira semana de novembro de 2007

04/11/2019

Em novembro de 2007 o Brasil ocupou as manchetes internacionais ao divulgar as dimensões estimadas para o campo do pré-sal que, na época, fora conhecido como Tupi. O evento foi divulgado como a descoberta de uma nova fronteira no setor petrolífero; uma destinada a alçar o país sul-americano a posição de um dos maiores produtores de petróleo do mundo.

O evento foi extremamente perverso para alguns atuantes no mercado de opções local. Tivemos o que é conhecido como um "corner" no mercado de opções - uma situação onde o "vendido" em opções entra em desespero e paga qualquer preço para se zerar. Pudera! O preço das ações da Petrobras PN subiu, em um intervalo de 2 dias, de aproximadamente R$69,00 para algo próximo a R$93,00 (>30% de amplitude).

Trago este assunto, não só pelo fato de que tal evento fora marcante em minha vida (sim, eu fui um daqueles que sofreram bastante com o ocorrido!), mas pelo fato de que, curiosamente, estamos diante de um importante evento no mundo petrolífero que ocorrerá justamente na mesma semana do evento descrito acima em 2007.

Naturalmente, refiro-me ao mega leilão a ser realizado na próxima quarta-feira, dia 6/11, e que poderá arrecadar mais de R$100 bilhões.

Observe que este evento ocorre em um momento em que a empresa Petrobras passa por uma das maiores transformações em sua história. Após ter flertado com a bancarrota entre os anos de 2015 e 2016, a empresa emergiu através de uma administração mais liberal, focada na redução de custos e na venda de ativos que não compõem o "core business" da empresa -- que é o segmento de exploração e produção. Assim, a empresa dirigida por Roberto Castello Branco, não só retomou o protagonismo perdido nos últimos anos, mas representa hoje a grande esperança para a continuidade do ciclo de alta visto na bolsa brasileira.

Atualmente as ações da empresa negociam a múltiplos ainda convidativos - P/L < 10x, EV/EBITDA < 6x. Mesmo assim, há quem duvide de seu potencial de valorização devido ao ceticismo em torno de sua capacidade de elevar os preços do diesel e da gasolina em tempos de valorização no preço do petróleo. Uma outra questão que deixa muitos investidores arredios é a expectativa de venda das ações na carteira do BNDES que, pelo tamanho da posição, poderá representar um freio no processo de valorização das ações.

Agora, de volta ao mercado de opções, que tanto impactou o preço das ações em 2007, é possível afirmar que, embora a volatilidade implícita das opções deva subir ao longo desta semana, é pouco provável vermos um movimento similar a aquele ocorrido há mais de uma década.

Dentre as razões para esta afirmação vale ressaltar que as garantias exigidas pela B3 hoje são 3x superiores as garantias exigidas pela Bovespa naquela época. Isso faz com que o número de participantes e contratos vendidos seja bem inferior ao registrado naquela ocasião.

Dito isso, aperte o cinto! Esta semana promete!

Marink Martins 

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