S&P 500 -- Definitivamente "Not for Sale"

08/09/2025

É inquestionável que os ativos de renda variável dos EUA estão "esticados". Poderão eles se valorizar ainda mais?

Bem, tudo é possível. Nos anos 90 -- em evento em Nova York -- Alan Greenspan chocou o mundo ao especular se um caso de exuberância irracional estaria afetando a mente dos investidores globais. Aqui vale dizer que Greenspan fez tal proclamação em dezembro de 1996. O mercado registrou sua máxima naquele ciclo ("bull market") lá em março do ano 2.000.

Sabe-se que os mercados podem ficar "irracionais" por bastante tempo. Dentre os eventos econômicos que mais contribuem para interromper um ciclo de alta em ações, um movimento de alta de juros está entre as armas mais poderosas utilizadas por formadores de políticas monetárias interessados em frear uma determinada economia. Dito isso, não há sinais nos EUA que apontem nesta direção. Muito pelo contrário. Os mercados esperam que o FED irá cortar a taxa básica de juros ("fed funds") de forma acelerada nos próximos 12 meses.

Sendo assim, considerando o cenário político global em que a palavra austeridade parece ter sido "enterrada", os ativos de renda variável nos EUA seguem em festa. Quero aqui retratar esta festa através de alguns gráficos que nos ajudam a entender a magnitude da exuberância presente nos preços dos ativos.

Começo com gráficos associados a relação "Preço/Lucro" (P/L ou, em inglês, P/E) e Preço/Vendas ("Price-to-Sales") para o índice S&P 500. 


Acima, a relação Preço/Lucro para o S&P 500. Observe que o momento atual está próximo a linha que representa 2 desvios padrão da média. Lá na "bolha do Nasdaq", em 1999/2000, o índice chegou a atingir 3 desvios padrões.

Já quando o índice é a relação entre o Preço e a Receita das empresas, tal relação se encontra em um patamar que é tão elevado quanto aquele registrado na época da "Bolha do Nasdaq". 

O grande Warren Buffet gosta muito de um indicador específico. O velho de Omaha adora comparar o tamanho do mercado de ações ao tamanho da economia, medido pelo PIB do país. Veja a fórmula do indicador de Buffet e o gráfico associado:

De acordo com o "Buffet Indicator", o índice S&P 500 se encontra em um patamar preocupante. Como podemos observar no gráfico acima, o ponto atual está, em termos relativos, mais "esticado" do que o patamar registrado na época da "bolha do Nasdaq". 

Um dos traços mais marcantes e mais desafiadores deste "bull market" norte-americano é que ele se faz presente em meio ao que parece ser o fim de um longo "bull market" na renda fixa dos EUA. Conforme podemos observar no gráfico abaixo, a taxa associada aos "treasuries" de prazo de 10 anos caiu por 40 anos de forma consistente. Nos últimos anos, porém, tal taxa não só subiu, mas tira o sono de muitos investidores globais.

E para finalizar este esforço de dar magnitude a exuberância dos americanos em relação ao mercado acionário, compartilho dois gráficos que mostram o S&P 500 corrigido pela inflação e comparado a uma linha de tendência. A ideia aqui é mostrar quão distante o preço atual do índice se compara a linha de tendência. Seguem os gráficos:

Marink

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