Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou

04/09/2020

Transgredir é necessário. Ser uma metamorfose ambulante também! Que abandonemos a âncora e deixemos de ser teimosos. 

Se o rally pós-pandemia foi bom para você, parabéns! Talvez agora seja a hora de reavaliar sua posição e se adequar a uma nova realidade. No texto publicado esta semana, A bolha do "Stay-at-home", explico as razões para uma postura mais cautelosa.

O título deste texto toma emprestado da famosa música de Raul Seixas para dizer que existem diversas empresas que se beneficiaram do fenômeno "Stay-at-home" e que, em breve, enfrentarão o mesmo destino de estrelas do passado. 

Talvez você não saiba, mas o famoso Jim Cramer, em um passado distante, dedicou quase que um programa inteiro a uma tal de Petrobras que, em 2010, parecia que ia dominar o mundo. Em 2000, uma tal de Qualcomm exibia o mesmo brilho visto nas ações da Tesla nos dias atuais. No início da minha carreira no Bozano, Simonsen, durante os anos 90, um tal banco japonês chamado Yamaichi era um importante cliente (quebrou logo em seguida, junto com outros bancos japoneses). Bem, acho que ficou clara a mensagem que busco transmitir através da imagem acima. 

Há um problema na imagem acima. Não concordo que haja uma bolha associada as empresas FAANGM (Facebook, Apple, Amazon, Netflix, Google, Microsoft). A Apple está cara e já começou a cair. O mesmo pode ser dito com relação a Amazon e a Netflix. Agora, quanto a Facebook, Google e Microsoft, eu jamais apostaria contra estas empresas. São empresas de margens elevadíssimas, duopolistas, e bem administradas. Além disso, o valuation não chega perto das aberrações vistas no segmento "Stay-at-home".

Neste segmento podemos incluir as seguintes estrelas: Zoom Video, Wayfair, Mercado Libre, Shopify, Peloton, e outras... 

No Brasil temos a Magalu, alçada como a queridinha da nova economia. Não é novidade que sou um grande cético. Para mim, uma empresa cuja margem líquida é abaixo de 5%, não deveria, de forma alguma, negociar a um múltiplo de 7x vendas. Bem, não deveria, mas o mercado é fascinante justamente por isso. Ele vai lá e faz com que, o que parecia impossível, ocorra.

Para finalizar de uma forma um pouco mais técnica. Deixo o leitor com a seguinte pergunta:

A Magazine Luiza vem fazendo algumas aquisições. Você, por acaso, sabe quanto ela vem pagando por suas adquiridas? Sabe se ela está pagando em cash ou está emitindo ações?  

Bem, eu te respondo. Isso foi o que a empresa nos informou a respeito de uma aquisição anunciada no dia 24/8/2020:

A referida aquisição foi realizada por uma empresa controlada pelo Magalu, não havendo incidência dos procedimentos descritos pelo art. 256 da Lei 6.404/76. A Companhia manterá seus acionistas e o mercado em geral devidamente informados, nos termos da legislação aplicável. 

Caso a aquisição estivesse ocorrendo conforme o art. 256, citado acima, a empresa teria que realizar assembleias para consultar os seus sócios. Em suma, na mídia são publicados os benefícios das aquisições. E o ônus, meu caro?

Um bom fim de semana a todos,

Marink Martins



  

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