Se os 50 são os novos 40, seria novembro o novo setembro?

26/10/2017

Passamos incólumes pelo normalmente turbulento mês de setembro. Outubro, um mês tenebroso para os mercados, marcado por datas infâmias, começa a se despedir trazendo as sementes de um novembro que poderá mostrar um pouco mais de volatilidade.

Alguns dos possíveis catalizadores internacionais para um eventual agito nos mercados serão endereçados hoje. No radar temos Mario Draghi e o Banco Central Europeu definindo um cronograma de retirada de estímulo econômico na zona do euro. Além disso, o dia está carregado no que tange a resultados de empresas de tecnologia (São 67 empresas do S&P 500 divulgando seus resultados do 3T17). Como muito bem colocado por Louis Vincent-Gave, CEO da Gavekal, este longo ciclo de alta nas bolsas globais apoia-se em dois grandes pilares: a busca por ativos de risco materializada pela busca por ações do setor de tecnologia norte-americano e o recém-iniciado movimento de apreciação nos mercados emergente asiáticos.

Aqui no Brasil, também temos uma agenda carregada de resultados. Além disso, caminhamos na direção oposta ao mundo, colocando mais estímulo na economia; desta vez liberando os bilhões do PIS/PASEP.

De qualquer forma, ontem voltamos a sentir o sabor da volatilidade. Vimos uma amplitude um pouco maior no índice S&P 500 (25 pontos) e de 1.400 pontos no Ibovespa. A volatilidade implícita dos contratos de opção da Vale está em aproximadamente 35%, nível este que considero razoável. Lá fora, entretanto, começamos a ver sinais do que, para mim, é um tão aguardado retorno da volatilidade. Tivemos um repique no índice de correlação da CBOE (o KCJ), que em um determinado momento registrou um número abaixo de 15% (agora está em 20%; ainda extremamente baixo). Tal evento contribuiu para que o VIX (medida de volatilidade associada ao S&P 500) superasse o nível de 11%.

A bola está mais uma vez nas mãos de Mario Draghi, aquele famoso presidente do banco central europeu que uma vez disse que faria o que fosse necessário para normalizar a economia europeia. Apostar que Draghi fará um discurso mais cauteloso talvez seja ousado. Mesmo assim, vale ressaltar que nos últimos dias os mercados ignoraram alguns comentários que, em uma época mais distante, certamente deixariam investidores mais ansiosos. Seguem algumas menções:

Steven Mnuchin disse que, em caso de derrota de uma eventual reforma tributária, os mercados estariam fadados a uma significativa correção.

Xi Jinping disse que imóveis são para se morar e não para se especular. Na mesma linha, o presidente do banco central chinês sinalizou que os consumidores chineses estão no limite no que tange a financiamento imobiliário.

Se por ventura voltarmos a ver um VIX na casa dos 15% e um KCJ na casa de uns 40%, não se assuste! Isso será simplesmente um regresso à normalidade!

O gráfico abaixo, medindo o tal KCJ, é, para mim, o gráfico mais importante do momento!!!

Marink Martins, CNPI

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