Sobre possíveis impactos do vírus Corona

22/01/2020

A casa de pesquisa Gavekal escreveu um artigo hoje exclusivo sobre o assunto. Há paralelos entre as consequências provocadas pela atual epidemia e aquela que ficou conhecida como SARS em 2003. E é justamente por isso que os mercados reagiram tão mal ontem diante de tal ameaça.

Em 2003 a epidemia SARS, originária da área de Guangdong, atingiu 8.096 pessoas em 29 países, provocando 774 mortes. Consequentemente, isso contribuiu para um cenário de aversão a risco que impactou de forma severa diversos setores da economia global como o de linhas aéreas, o de cassinos, e o de varejo. No primeiro trimestre de 2003 a economia chinesa contraiu 2% e o índice MSCI Ásia (excluindo o Japão) recuou 10%.

Embora a casa de pesquisa reconheça que a nova epidemia - essa originária da cidade de Wuhan e por isso já apelidada de "Wuhan Flu" - apresente riscos similares para a sociedade, ela chama atenção para a diferença de comportamento das autoridades que tratam o assunto. Enquanto em 2003 o governo chinês buscou omitir o evento e reagiu de forma tardia, desta vez chama atenção o nível de proatividade no combate da epidemia. A Gavekal diz que, no momento, não há razões para acreditar que a "Wuhan Flu" é mais infecciosa, ou mais letal, do que a epidemia SARS.


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Em 2003, uma vez que ficou claro que a epidemia estava sob controle, o governo chinês reagiu economicamente através de um forte estímulo econômico que incluiu uma expressiva expansão de crédito na faixa de 23% ao ano. Com isso, todas as bolsas na região subiram de forma expressiva durante o segundo trimestre daquele ano.

Desta vez, quando o assunto é o mercado, a história é diferente. Ninguém espera tamanha reação do governo chinês. Além disso, o sentimento de mercado hoje é bem diferente daquele de 2003 em que os mercados ainda sofriam os impactos associados ao ataque do dia 11 de setembro de 2001.

Dito isso, a casa de pesquisa julga que qualquer fraqueza nos mercados associada a ameaça da epidemia corrente deve ser encarada como oportunidade de compra. A Gavekal chama atenção ao cenário convidativo provocado pela assinatura da Fase 1 do acordo entre EUA e China e também dos indícios de melhora no que diz respeito aos ciclos associados aos setores de semicondutores e automobilísticos.

Marink Martins

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