Sou fã de Bill Ackman que deverá ser notícia por aqui na semana que vem!
Nos últimos anos é difícil achar um gestor que tenha apanhado mais do mercado e da mídia do que Bill Ackman. Ele é o dono da Pershing Square Holdings, uma gestora com sede na ilha de Guernsey (situada no canal da Mancha) cujas cotas negociam como um fundo fechado em Amsterdan. Ackman, após fazer fortuna e ficar famoso apostando contra o mercado imobiliário norte-americano na década passada via um BIG SHORT nas ações da empresa MBIA, caiu em desgraça ao errar em duas apostas extremamente controversas: uma comprada na farmacêutica Valeant, e outra vendida em Herbalife.
Bilionário e dono de um imenso escritório no Upper West Side de Manhattan, com uma das mais belas vistas da cidade, ele registra retornos médios anuais em torno de 20% ao ano, em linha com os de Warren Buffet, porém, em um prazo bem menor (ele é bem mais novo que o oráculo de Omaha). Sua aposta contra a Herbalife, embora registre prejuízos, o dignifica. Ackman foi a público e nos revelou um esquema extremamente rentável feito a base dos piores ingredientes da sociedade americana. Não há dúvida que a Herbalife seja um esquema de pirâmide; um no qual sua rentabilidade depende mais da sua estrutura de venda entre afiliados do que da própria rentabilidade do produto vendido ao publico. Mas, vivemos em um mundo, como muito bem colocado pelo professor Luis Felipe Pondé, onde somos treinados a valorizar o dinheiro independente da forma pela qual ele é obtido. Seu nemesis é Carl Icahn, um quase irmão de Donald Trump em princípios, porém, muito mais rico.
No documentário BETTING ON ZERO (minha recomendação para o fim de semana - disponível na Netflix), o gestor e protagonista nos revela sua trajetória nesta luta. Ackman, embora bem intencionado, se revela um ingênuo, levando a público uma aposta no qual, em busca de ser um herói, está fadado a morrer de forma trágica como em uma história contada pelo poeta grego Eurípedes. Após bancar um BIG SHORT no qual é responsável por ¾ da venda a descoberto disponível no mercado, ele se torna "presa fácil" para o inescrupuloso Icahn que o espreme no mercado de forma clássica. Mesmo estando certo, Ackman fez tudo errado, como se acreditasse que os americanos um dia acordariam como seres morais, e restabeleceriam uma ordem perdida. E é justamente esta paixão e heroísmo, tão ausentes neste mundo cada vez mais robotizado, que despertam solidariedade com sua causa. Afinal, todos nós gostamos de um underdog (desfavorecido).
Um bom fim de semana a todos,
Marink Martins, CNPI