Temer, Iphone X e Delivering Alpha

13/09/2017

Reiterando o meu "call" para que investidores sejam conservadores e não aumentem suas exposições neste momento de euforia, destaco três fatores que devem "pesar" nos principais índices globais nesta quarta-feira. No cenário doméstico, há uma nova tempestade se formando ao redor do governo Temer; novo inquérito, novas denúncias, etc. Já na área internacional, Gene Munster, um dos principais analistas quando o tema é Apple, disse que o fato do Iphone X chegar as lojas somente em novembro irá frustrar expectativas relativas ao resultado do 4T17 da empresa. Quem acompanhou o lançamento na tarde de ontem, testemunhou um leve recuo no preço das ações logo após o anúncio das inovações trazidas pelo novo aparelho. Neste momento, as ações da empresa mais valiosa do mundo já negociam abaixo de US$160 no pré-market; uma queda de menos de 1%, que poderá se intensificar ao longo do dia, caso as previsões do analista Gene Munster se materializem.

Ontem, tivemos também a conferência anual organizada pela CNBC, Delivering Alpha; um dos eventos mais importantes no mundo das finanças. Reunindo banqueiros, gestores e analistas, tal evento gera comentários interessantes e controversos, com consequências diretas na precficação de ativos. A vítima de ontem foi a cryptomoeda Bitcoin que foi qualificada como uma enorme fraude por ninguém menos que Jamie Dimon do JP Morgan. Há duas semanas, o ex-presidente do BC inglês, Mervin King, disse o mesmo no evento da B3 em Campos de Jordão. Para ser justo com os otimistas, tenho que ressaltar também que o gestor do fundo Social Capital, Chamath Palihapitiya, disse estar "mega comprado" em Bitcoins. Ao contrário do ocorrido na edição anterior, onde inúmeros gestores se mostraram preocupados com o elevado nível do índice S&P 500, desta vez, os pessimistas estavam mais tímidos; algo que acaba sendo, de forma paradoxal, negativo para o mercado, pois é o vendido que normalmente provoca uma alta mais expressiva nas ações.

Enquanto o tema "mercado" ficou um pouco de lado neste ano, questões relacionadas a tensões comerciais entre EUA e China afloraram. Rumores de que os EUA ameaçaram expulsar a China do sistema internacional de pagamentos SWIFT, caso o gigante asiático não aceitasse sanções a Coréia do Norte, ilustram como anda tensa tal relação.

Também importante foi a presença do famoso "short-seller" Jim Chanos, conhecido por seu pessimismo com relação a China e a Tesla. Embora ainda esteja "vendido" nas ações da Tesla, o assunto "China" ficou de lado. Aliás, há inúmeros pessimistas jogando a toalha no que diz respeito as suas apostas quanto a uma eventual desvalorização do iuane. Mark Hart, da Corrient Advisors, foi um deles, e admitiu ter gasto US$240 milhões em opções que se beneficiariam de tal evento. Kyle Bass da Hayman Capital foi outro. Disse que, embora esteja convicto de que um dia o sistema financeiro chinês irá explodir, confessou estar errado no "timing" da operação.

Marink Martins, CNPI

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