Tempo de TV vs. Exposição na mídia social -- O que é mais importante?
Texto escrito por Mariana Ratão
O mês de Julho caminha para o final e o tema se resume em um item: o pleito presidencial. Enxergamos, por meio de notícias a todo momento, o desenvolver de coligações e alianças partidárias, nas quais as siglas possuem como objetivo conseguir o maior tempo de propaganda televisiva no horário eleitoral gratuito estipulado pela legislação.
Desde o retorno das eleições diretas, em 1989, o tempo de propaganda na televisão/rádio, juntamente com o fundo partidário, são encarados pelas siglas como fatores últimos e determinantes para garantir a vitória por mais um mandato.
Em 2014, a disputa foi monopolizada por PT e PSDB - os dois e suas coligações terminaram por dividir o tempo de propaganda televisiva com a terceira candidata em evidência, Marina Silva. Em resultado acirrado, a candidata do PT venceu com 51,64% dos votos válidos, com diferença de apenas 3,28% para o segundo colocado.
A turbulência causada pelo começo da operação Lava Jato ainda engatinhava para seus momentos mais exaltados na política - manifestações por todo o país e impeachment de Dilma - e no mercado - como o "Joesley Day" na B3.
Por conta de dois fatores de interferência externa à política (Operação Lava Jato e popularização das mídias sociais), os desdobramentos políticos são mais dificultosos de serem previstos. A popularização da internet traz elementos novos - a diminuição do predomínio da TV, jornais, e rádio no imaginário popular; e a inserção da mídia social como "voz" da população - gerando um feedback para o sistema político estabelecido. Este cenário transforma o debate eleitoral, pois os candidatos convivem diariamente e virtualmente com o eleitorado.
A grande pergunta é:
Neste ano, teremos um resultado definido por tempo de TV ou pelo predomínio das redes sociais? Qual peso terá a internet na decisão final? Haverá 2° turno?
Para equilibrar as opiniões, temos os dados da PNAD - Acesso à Internet e à Televisão e Posse de Telefone Móvel Celular para Uso Pessoal (2016) - realizada pelo IBGE. Em 68,5% dos domicílios pesquisados havia utilização da internet; mas o surpreendente é que dentre esses, o acesso à internet se dava via telefone celular em 97,2% dos casos.
Nesta onda de digitalização, podemos traçar um paralelo entre nossa corrida eleitoral às americanas recentes [vencedores - Obama 2008; Obama 2012; e Trump 2016].
Nos Estados Unidos, a campanha Obama 2008 foi a primeira a sair vencedora utilizando os recursos online por sua assessoria de marketing. Foi um marco definitivo: não somente nos EUA, os políticos precisam agora obrigatoriamente combinar sua exposição na televisão/rádio com seu marketing digital, interagindo diretamente com uma gama maior de eleitores.
No Brasil, temos as primeiras pesquisas de intenção de voto do IBOPE; no estado de São Paulo, entre os dias 24 a 27 de maio, foram obtidos os seguintes resultados:
A tabela mostra indefinição da intenção de voto. Lula, segundo a Lei da Ficha Limpa, não poderá ser candidato, pois é condenado em segunda instância, e o presidente do TSE, Admar Gonzaga, já sinalizou esta decisão. Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin, Marina Silva e Ciro Gomes se definem como atores principais, mas nenhum possui 10% de margem acima do próximo colocado.
No Facebook, o candidato Jair Bolsonaro desponta com mais de 5 milhões de likes; seguido por Marina Silva, com 2 milhões e 300 mil; Alckmin com 930 mil; e Ciro Gomes com 284 mil.
A assimetria é grande entre as pesquisas, o tempo de TV definido até agora (mais da metade ficará com Alckmin); - e a preferência online registrada.
Vale ainda ressaltar que eventos "Cisne Negro" podem ocorrer não só no mercado, mas também no campo da política, já que o número de variáveis nessa "equação" é tão extensa quanto! Um exemplo de reação inesperada foi a eleição de Trump - dada como "praticamente impossível" por muitos analistas e jornalistas. E ainda temos...o tão discutido termo "fake news"!
O "start" da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão acontece dia 31 de Agosto. Teremos pesquisas melhores desenhadas a partir daí, na mescla entre as exposições midiáticas e os debates televisionados - estes últimos definidores de resultado, pois geram choques diretos entre ideologias e programas de governo apresentados.
No mercado financeiro, acompanhe com cautela as datas de divulgações de pesquisas e candidaturas - a informação gerada em seguida destes pode impactar o IBOV e papéis das estatais, por incerteza sobre qual será a política econômica para 2019.
Em Agosto seguiremos delineando os contornos da batalha.
Equipe
MyVOL