Tendências na economia americana - 2017 (FactSet)
Tendências na economia americana (FactSet)
A empresa de pesquisa FactSet fez uma apanhado das principais tendências impactando a economia americana. Alguns dos tópicos assinalados não chegam a ser uma novidade, porém, quando acompanhados de dados e gráficos ilustrativos, nos ajudam a obter uma melhor compreensão do fenômeno. Vejamos alguns destes gráficos abaixo:
1. Confiança do consumidor (linha azul) vs. Vendas no varejo (linha verde)
Este gráfico abrange um período de 20 anos e ilustra a forte correlação entre estes dois indicadores. O que vemos neste momento, entretanto, é uma dispersão. Enquanto o primeiro faz máxima, a segunda mostra uma tremenda estagnação. Diversos analistas atribuem este descompasso ao efeito Amazon assim como a uma mudança no comportamento do consumidor, que hoje prefere consumir produtos em sua própria residência, ao invés de ir ao shopping, como no passado. Além disso, muitos atribuem ao elevado nível de confiança do consumidor (linha azul) a apreciação da própria bolsa de valores. Ao contrário do brasileiro, que é viciado em renda fixa, o americano investe uma parte significativa de seu patrimônio em renda variável. Com isso, quando as bolsas sobem, maior é a confiança do consumidor, maior é a propensão ao consumo.
Em uma observação paralela, chamo atenção a magnitude do declínio durante a crise de 2008. Visto isso, é surpreendente que ainda há aqueles que preferem criticar Bernanke, Geithner e cia...
2. A inflação teima em permanecer baixa
Mesmo diante de um Fed um pouco mais preocupado, os indicadores de inflação (as 4 linhas abaixo) permanecem confortavelmente abaixo dos 2%. Notem o declínio no fim de 2014 e a eventual recuperação dos preços. Isso ocorreu devido ao declínio no preço do petróleo assim como de outras commodities. Naquela época, muitos acreditavam que isso seria um fenômeno passageiro e que eventualmente levaria a uma maior inflação futura. Vimos, entretanto, que a subsequente recuperação de preços não foi suficiente para elevar o IPC (linha azul).
3. Aquela transição do varejo tradicional para o ONLINE chegou de vez! E tem sido muito dolorosa aos desavisados!
O gráfico abaixo, ilustra a performance das ações do "Varejo-Online" (linha roxa) em comparação com a performance das ações de empresas em segmentos mais tradicionais, como alimentos e vestuários (as famosas, "Brick & Mortars" - linhas azul e verde). Uma das principais vítimas deste fenômeno é a centenária loja de vestuários JC Penney. Suas ações entraram em colapso em um sinal de que a varejista não vem conseguindo se adaptar a nova realidade de mercado. Já a também tradicional Wal Mart, se restruturou, "pegou emprestado uma página do manual de instrução da Amazon", e se readaptou a nova forma de consumir dos americanos.
4. De olho no crescimento do lucro e das receitas em 2017
Já sabemos que as empresas americanas vem crescendo de forma acelerada. O gráfico abaixo, entretanto, nos fornece mais informações a respeito desta tendência. Podemos ver, nas primeiras três barras à esquerda, que o crescimento da lucratividade é mais intenso para as empresas que derivam mais do que 50% de suas vendas em outros países, que não os EUA. Este mesmo fenômeno ocorre com as receitas. O interessante é que, dentre os setores que se destacam, o setor de Tecnologia de Informação (TI) é o que mais cresce em meio a tais "offshores". Aí estamos falando de empresas como IBM, SalesForce e por que não, Apple, Google e Facebook.
5. Convergência das taxas de juros de 10 anos e de 2 anos
O gráfico abaixo, ilustra tal convergência (ver a parte inferior do gráfico). O que isso quer dizer? Normalmente, quando temos uma curva de juros onde há uma maior diferença entre as taxas de curto prazo e longo prazo, interpreta-se tal inclinação da curva com um sinal de saúde da economia. A convergência de taxas, conforme indicada abaixo, sinaliza, em termos relativos, que investidores estão demandando uma maior taxa de juros para emprestar recursos no curto prazo, o que sinaliza uma maior preocupação com os rumos da economia.
6. Recursos novos migrando da gestão ativa (fundos mútuos) para gestão passiva (ETFs)
Este é um tema que recorrente nos últimos anos. Investidores vem promovendo sua própria diversificação ao direcionar seus recursos para diversos ETFs. A indústria de ETFs é extremamente concentrada, com os gigantes BlackRock, Vanguard e State Street abocanhando grande parte dos recursos disponíveis. Alguns analistas acreditam que estas duas barras irão se encontrar (ficar do mesmo tamanho) em algum momento na próxima década. Olhando assim, parece pouco provável.
Marink Martins, CNPI