Teste de Aderência

10/11/2020

Ontem foi um dia importantíssimo nos mercados. Se eu tivesse que contar o ocorrido para um veterano de mercado eu diria que, as últimas 24 horas, foram análogas ao ocorrido em todo o terceiro trimestre de 2007. Tivemos ontem um movimento de rotação setorial capaz de provocar estragos em fundos quantitativos similares aqueles que balançaram fundos quantitativos, como o famoso AQR do gestor Cliff Asness, em agosto de 2007.

A grande questão é se isso irá se confirmar hoje e nos próximos dias!

Não é a primeira vez na história que isso ocorre, mas estamos vivendo em um mundo em que os preços perderam aderência à lucratividade das empresas.

Hoje em dia, o que importa é "top line growth". E foi justamente isso que empresas como Magazine Luiza e XP entregaram aos investidores nesta segunda-feira. Será que isso é suficiente para sustentar essa falta de aderência que vem marcando o ano de 2020?

Em um artigo publicado hoje, Louis Gave -- fundador da Gavekal -- se mostrou perplexo com o tombo visto no ETF TLT que investe em títulos do tesouro americano de longo prazo. Ele está na ponta daqueles que acredita que esse movimento de rotação setorial veio para ficar. Louis acredita que o "bear market" da renda fixa já se iniciou!

Caso ele esteja correto em sua premissa é possível que as curvas de juros em países desenvolvidos comecem a se inclinar. Algo parecido com o ocorrido no Brasil, porém, em uma menor magnitude.

O que vimos ontem foi tão avassalador que acho que temos que observar com cuidado os próximos dias.

Em entrevista ontem, Rodrigo Maia foi duro ao criticar a agenda de reformas do governo. Disse que o governo explode em janeiro caso nada seja aprovado. Nos EUA, Mitch McConnell (líder no senado americano) resolveu apoiar Trump em seu movimento de contestação das eleições. Não sabemos o quanto tudo isso poderá fazer preço nos mercados, mas não devemos, de forma alguma baixar a guarda.

Desde que os mercados se recuperaram -- no fim de maio deste ano - o Ibov vem oscilando entre 93.000 e 105.000 pontos, aproximadamente. Quando se aproxima de 93.000, dá aquele medo de que vai tudo despencar e iremos afundar juntos. Já quando se aproxima de 105.000, dá aquele medo de que vai explodir e que ficaremos de fora de um grande ciclo de valorização.

O que fazer diante desta angústia?

Uma sugestão é que você se familiarize com alguns conceitos discutidos em Assim Falou Zaratustra de Nietzsche. Principalmente aquele do "Ubermensch" ou "Além-do-homem", pois a única forma de se viver no mercado e não se martirizar constantemente é superando esses sentimentos de controle considerados pelo filósofo alemão como demasiadamente humanos. 

O grande Jim Cramer busca dizer o mesmo que Nietzsche, porém, de uma forma mais objetiva. Diz ele que no mercado não há espaço "shouda, couda, woulda". Ou, de forma mais clara: No shoud have done, No could have done, No would have done. Traduzindo de forma livre trata-se do famoso: "Ah se eu tivesse comprado... Ah se eu tivesse vendido." Vamos lá meus amigos, se superem. Bolsa é todo dia!

Marink Martins 

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