"Um brinde aos céticos"
Imagino
que o leitor, assim como eu, já esteja cansado de ouvir duas expressões que
habitam os textos relacionados a bolsa de valores: "novo normal" e "momentum".
Pois é, trata-se de expressões que buscam, não só descrever, mas também dar sentido a tudo isso que observamos e que, para alguns, não faz muito sentido.
Pelo que observei ontem, em evento realizado pela Eleven Financial, ao assistir Luis Stulhberger, Rogério Xavier e Artur Wichman debaterem a respeito do cenário econômico global foi que os três estão bem céticos a respeito de tudo que observamos por aí.
Rogério Xavier, em particular, chegou a ser duro ao criticar a atuação do BC brasileiro afirmando que este resolveu correr risco como se o Brasil fosse um país desenvolvido.
Stuhlberger, por sua vez, mencionou que, em algum momento, o mundo enfrentará uma espécie de Plano Collor global (calote) ou terá que conviver com um processo inflacionário. Bem, isso não é muito distante do que venho buscando transmitir por aqui ao dizer que a única solução que vejo para o mundo desenvolvido é o caminho da busca pelo crescimento inflacionário.
Artur Wichman foi um pouco mais técnico e destacou que poderemos testemunhar uma compressão de múltiplos nas bolsas; algo comum em momentos de incerteza. Falou também sobre repressão financeira que se refere a períodos em que as taxas de juros são mantidas artificialmente baixas, forçando poupadores ao consumo e a especulação financeira.
Em suma, o que eu ouvi, embora não tenha sido surpreendente, me deu confiança para continuar alertando aos leitores deste comentário de que devemos enfrentar este momento peculiar com cautela e criatividade. Este último atributo se faz necessário pois temos que ser ativos na busca da preservação patrimonial cientes de que algumas consequências desta crise surgirão a partir do momento em que os governos atingirem seus limites de endividamento.
Marink Martins