Um dos gráficos mais importantes da atualidade

30/01/2019

Todo estrategista global que se preze faz uso em suas apresentações do gráfico acima. 

Trata-se de uma comparação entre o volume financeiro de títulos registrados nos "books" dos market makers (linha verde) em comparação ao volume financeiro dos títulos de dívida emitidos por corporações norte-americanas ao longo dos últimos anos (linha azul).

Como podemos observar, após a grande crise de 2008, houve uma significativa divergência entre os dois indicadores. Divergência essa que só faz crescer e que tira o sono de muitos gestores.

De forma objetiva, o que temos aqui é uma significativa redução na atividade de "market-making" dos bancos devido a regulamentações como as leis Volcker e a Dodd-Franck implementadas após a crise que tiveram como objetivo coibir a atuação dos bancos com o intuito de preservá-las.

A grande questão para aqueles que perdem o sono a respeito deste assunto tem a ver com a liquidez dos mercados.

Em fevereiro de 2018, ocasião na qual os mercados ficaram nervosos diante de um salto na volatilidade que resultou na quebra de um fundo do Banco Credit Suisse, muitos reclamaram que os mercados estavam "secos", sem liquidez alguma. Especialistas afirmam que o ocorrido já reflete uma situação preocupante na qual os bancos estão proibidos de tomar posições como em outrora.

E aí retornamos ao gráfico acima. A imagem nos mostra uma situação onde temos uma relação (volume da dívida / disposição dos market makers) um tanto preocupante.

Em caso de um problema de liquidez global ocasionado por quem sabe um downgrade da GE, ou a quebra do Deutsche Bank, ou a saída da Itália da zona do euro, a dúvida entre os estrategistas é a respeito de quem é que aparecerá para o resgate. 

Cada vez mais a resposta parece ser um dos bancos centrais ou, talvez, todos em sincronismo. E tudo isso nos leva para uma situação perigosa, de águas não navegadas.

Por enquanto, o melhor a ser feito talvez seja aproveitar o vento a favor que vem beneficiando os mercados emergentes; incluindo o Brasil. O dólar parece ter parou de se valorizar e o FED entrou em compasso de espera. Tudo isso é "bullish" para os emergentes.

Mesmo assim, o grande Louis-Vincent Gave, fundador da Gavekal, nos avisa que a bonança pode ser passageira. Ele vê as eleições europeias de maio com bastante desconfiança.

Por tudo isso, ele enfatiza que devemos evitar os "crowded trades". Aproveite o vento a favor, mas não se esqueça que lugar de lucro é no bolso.

Marink Martins


  


www.myvol.com.br