Um "Memorial Day" para refletir sobre suas alocações

27/05/2019

Considero este feriado de hoje nos EUA ("Memorial Day") como uma ótima oportunidade para o investidor brasileiro refletir a respeito de suas alocações.

Observem que há no momento um enorme esforço por parte de instituições financeiras em promover um elevado número de lançamento de ações - não só nos EUA, mas aqui no Brasil também! A principal manchete no jornal Valor Econômico nesta manhã diz respeito a expectativa de captações que podem somar R$35 bilhões em diversos lançamentos a ocorrer até o mês de julho de 2019. Mas, por que tanta pressa?

Já argumentei aqui, em diversas ocasiões, como tais lançamentos representam um dreno de liquidez nos mercados. Se em 2017 uma operação de R$5 bilhões da BR Distribuidora contribuiu para um movimento adverso nas bolsas, imagine uma onda 7x maior!

Em uma época de elevado grau de conectividade como a atual, o comportamento dos mercados de capitais passa a ser um indicador decisivo para moldar o ímpeto do consumidor mundo afora. Isso é um fenômeno que, aos poucos, vem deixando muitos executivos ansiosos pois uma guinada adversa nos mercados poderá fazer com que "janelas de captação" se fechem rapidamente, resultando em custos de capital mais elevados.

E, pensando em tudo isso, corri atrás neste fim de semana de indicadores que me ajudassem a entender um pouco melhor alguns dos principais temas internacionais. Segue o que encontrei:

Sobre as eleições no parlamento europeu: considerado o grande vencedor, o partido dos "greens" (os ambientalistas) ganhou espaço no parlamento e deverá contribuir para um desvio de foco em prol de questões consideradas menos importantes do ponto de vista econômico. Assim, problemas do setor bancário que afligem instituições como o Deutsche Bank e outras assim como problemas relacionados a imigração talvez não recebam a atenção imediata que merecem.

Sobre a onda de IPOs: Uma entrevista recente com o guru do "valuation", Aswath Damodaran, sugere que recentes lançamentos como a UBER e a LYFT foram precificados em níveis elevados demais. Damodaran diz que muitos investidores comparam as novas empresas a Amazon, porém, poucos percebem que a Amazon jamais "queimou tanto caixa" no início de sua jornada.

Sobre a guerra comercial sino-americana: os estrategistas que sigo alteraram o seu "base case" de forma que o cenário mais provável passou a ser um não-acordo tendo como consequência uma expectativa de que as tarifas já impostas tornem-se permanentes. Embora ainda haja uma chance de um acordo durante a reunião do G-20, esta é vista com bastante ceticismo.

Ainda sobre o assunto, vale destacar que, embora a empresa Huawei alegue ter estoque para transitar por mais alguns meses, está claro que sua sobrevivência dependerá de uma postura mais amena por parte dos americanos. Assim, cabe ao chinês, no curto prazo, reagir a agressão americana através de um câmbio mais desvalorizado.

Por tudo isso, julgo que há razões para se manter cético e preocupado com o cenário macroeconômico internacional. É provável vermos uma Europa menos austera, uma China mais reativa do ponto de vista cambial e um EUA cada vez mais dividido do ponto de vista político devido ao início do ciclo eleitoral.

No Brasil, embora pareça haver um impulso reformista no ar, a pressão colocada por Paulo Guedes ao cogitar a possibilidade de abandonar o cargo e sair do país em caso da não aprovação da reforma da previdência, em tese, deveria contribuir para uma elevação marginal do risco-Brasil.

Assim, sugiro a manutenção de uma visão tática (foco no curto prazo) buscando operações de prazos mais curtos. Em particular, estou de olho nos prêmios inseridos nas opções de venda de BOVA11 para o mês de agosto de 2019. Em virtude de recomendações feitas por importantes casas de pesquisa, os contratos BOVAT84 e BOVAT77 não só passaram a exibir uma maior liquidez, mas também elevados prêmios relativos a outros contratos presentes nos mercados.

Marink Martins

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