Um mundo de cabeça para baixo

30/06/2021

Cresci em uma época de juros mais elevados. No meu tempo (aqui um atestado que estou velho, mas mantendo a ironia), quando uma empresa listada anunciava que estava comprando uma outra, o mais comum era vermos o preço da ação da adquirente cair enquanto o preço da ação da empresa adquirida subia. Contudo, parece que o mundo mudou.

E não é só isso. Em um passado não muito distante, processos de aquisições eram levados a uma AGE, dando oportunidades aos acionistas de avaliarem o negócio em questão. No atual momento, o que observamos são aquisições frequentes que parecem funcionar mais como marketing do que qualquer outra coisa.


Confesso que ando um tanto frustrado. Não pelo movimento mais recente de queda do mercado que vem enfrentando algumas dificuldades discutidas nestes Comentários de Mercado, mas sim devido ao comportamento do investidor.

Observe que estamos diante de mega captações de recursos, como podemos ver na tabela abaixo: 


Novamente... em um passado distante... este tipo de fenômeno fazia preço, pois era interpretado como um importante dreno de liquidez. No entanto, o investidor contemporâneo parece acreditar que quanto mais captações melhor. Ele não se incomoda de estar comprando ações de alguém que sabe muito mais do que ele (o controlador)!


- Mas, Marink, acho que você está confundindo uma oferta secundária com uma primária! Nestas ofertas quem vende são as empresas, e não o controlador!

- Sério???

É meu amigo, acho que estou frustrado, recalcado e irônico demais. Acho que vou plantar bananeira! Talvez, desta forma, eu consiga enxergar o que de fato está acontecendo.


Marink

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