Uma janela de oportunidade bem mais curta

12/03/2018

Em coluna publicada hoje, a jornalista Angela Bittencourt, do Valor Econômico, afirma que o ano econômico de 2018 já está dado, com expectativas de menos inflação, menos juros e mais crescimento.

Bem, como acho que o Brasil é um mero coadjuvante na economia global, julgo que devemos sempre aproveitar estes momentos de calmaria nos mercados - ainda mais estes anunciados por jornalistas - como uma bela oportunidade de ir reduzindo sua exposição em bolsa. Pois notem: momentos de alta em bolsas normalmente não são anunciados!

De qualquer forma, parece que temos sim pela frente uma janela de oportunidades que poderá fazer com que os mercados emergentes continuem a se apreciar. Tal oportunidade advém de um cenário econômico onde a moeda americana encontra-se mais fraca e o preço do petróleo tendendo a estabilidade.

Recentemente, mesmo com a perspectiva de um FED mais tenso e a consequente elevação nas taxas dos títulos americanos, a moeda americana foi incapaz de se valorizar. Aos poucos, economistas começam a traçar um cenário no qual os EUA crescerão menos do que o resto do mundo. E quando isso ocorre, é muito comum vermos o dólar ficar ainda mais fraco; o que tende a ser benéfico as exportadoras estrangeiras - em particular, aquelas localizadas em países emergentes.

Dito isso, acho que tal janela de oportunidade tende a ser bem mais curta do que aquela delineada pela jornalista do Valor Econômico. Primeiro porque os mercados não se comportam de forma linear. Quando se apreciam fazem isso rapidamente e de forma exagerada. Segundo, porque em alguns meses deveremos ter ruídos surgindo de diversas frentes. Seguem possíveis fontes:

  • Ruídos protecionistas - As questões relacionadas as negociações do NAFTA tem o poder de ter um impacto global; em particular, no setor automotivo e em sua cadeia de suprimentos.
  • Ruídos monetários - As reuniões do FED tendem a gerar ainda mais ruído, uma vez que os incentivos fiscais oriundos dos cortes de impostos nos EUA contribuirão para um maior aquecimento da economia americana.
  • Ruídos eleitorais - além das eleições no Brasil que certamente trarão volatilidade aos mercados, temos também eleições no México e no congresso americano.
  • Ruídos oriundos do Oriente Médio - Pouco se fala por aqui mas há enormes vulnerabilidades naquela região. A Arábia Saudita encontra-se com um gigantesco déficit fiscal e necessita dos recursos do iminente IPO da Saudi Aramco. Tal IPO, por si só, deverá impactar o setor petrolífero e a liquidez dos mercados pelo seu tamanho. Além disso, a Bloomberg vem chamando atenção para problemas bancários no Líbano que poderão desestabilizar a região.

Sendo assim, acredito que o investidor doméstico deverá enxergar esta janela de tempo como uma oportunidade tática. Seja ela para uma compra de ações especulativa, mirando surfar a atual onda de apreciação nos ativos locais; ou, para os já comprados, como uma oportunidade de ir reduzindo sua exposição a renda variável a preços mais interessantes.

Uma boa semana a todos,

Marink Martins


www.myvol.com.br