VIX vs. MOVE

01/12/2020

A maioria dos investidores já conhece o VIX - expectativa de volatilidade de curto prazo associada ao índice S&P 500. Menos conhecido é o MOVE que, assim como o VIX, também mede uma expectativa de volatilidade de curto prazo, mas desta vez associada a variação nas taxas dos títulos do tesouro americano de prazos de 2 anos, 5 anos, 10 anos e 30 anos.

Curiosamente, historicamente há uma correlação de aproximadamente 80% entre o VIX e o MOVE. Contudo, desde que a pandemia foi decretada e os BCs injetaram quantidades maciças de estímulos, testemunhou-se uma ruptura nesta correlação. O VIX subiu enquanto o MOVE permaneceu-se mais contido.

Na imagem abaixo, temos um gráfico ilustrando o VIX no eixo da direita em comparação ao MOVE no eixo da esquerda. Mais abaixo temos um gráfico do VIX dividido pelo MOVE que ilustra de forma clara este "break down" nesta correlação.

E qual seria o porquê e a relevância deste evento?

Bem, entramos no mundo da repressão financeira. Um mundo onde as taxas de juros são mantidas artificialmente baixas por diversas razões. Argumenta-se que é para servir de estímulo ao consumo, mas a verdade é que o endividamento dos governos e empresas está tão grande que, qualquer aumento de juros torna-se proibitivo.

Neste mundo, não só as taxas são mantidas baixas, mas a volatilidade do ativo também cai em meio a intervenções feitas por autoridades monetárias.

Todavia, a volatilidade é algo que quando contido em um lugar, aparece em um outro; às vezes, de forma surpreendente.

Nos anos 90, durante o experimento global em que as taxas de câmbio foram mantidas de forma fixa em diversos países emergentes, a volatilidade migrou para os juros e para as bolsas.

Atualmente, os esforços estão direcionados a conter a volatilidade na renda fixa. Por isso, é importante que você esteja preparado para um mundo em que câmbio e bolsa irão absorver grande parte dos choques macroeconômicos.

Marink Martins

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