Yellen, QT, IBOV e Vale

27/07/2017

Yellen avisou, mas o mercado só quer saber das FANGs

Foi-se o tempo em que o mercado se intimidava diante do linguajar do presidente do FED. Ontem mesmo, Yellen informou que o processo de reversão do longo estímulo econômico se iniciará já em setembro deste ano. A reação do mercado, entretanto, soou mais como um "ah, ta bom", ignorando completamente um anúncio que, para alguns, é um claro sinal de "fim de festa". Se no passado justificávamos o marasmo do mercado pelo fato de que muitos americanos estão de férias, hoje em dia, acredito que a baixa volatilidade está mais relacionado ao nível de automação do mercado em um mercado dominado por fundos passivos (ETFs) que, por sua vez, é dominado por um oligopólio (BlackRock, Vanguard, State Street, Invesco). Assim como o estímulo econômico ("QE- Quantitative Easing") impactou os mercados positivamente, alguma reação, no sentido contrário, era esperada para o anúncio de um "QT- Quantitative Tightening"; mas isso não aconteceu. Os agentes estão focados nos resultados deste segundo trimestre, e por falar nisso, esta quinta-feira promete ser um dos dias mais agitados neste sentido. Hoje, após o mercado, será divulgado o resultado da Amazon, uma das estrelas do acrônimo FANG (Facebook, Amazon, Netflix, Google), criado por Jim Cramer, comentarista da CNBC.

A história nos diz que a ponta final de um ciclo de alta na bolsa tende a ser mais volátil e resultar em uma alta mais forte (a última pernada), pois, como sempre, esta é normalmente impulsionada por "vendidos" se rendendo ao ímpeto altista em um processo conhecido como "market capitulation". Agora, em um mercado como este, onde a volatilidade está baixa e o FED está avisando que em breve terá que "baixar o som da festa", basta uma ou duas notícias ruins em termos de resultados corporativos para que o mercado seja contaminado por um pessimismo de verão, ou como é conhecido em inglês, um "summer doldrums".

O Ibovespa e a Vale

Embora o cenário pareça mais favorável ao mercado de renda variável diante da redução de juros e baixa alocação de investimentos a este segmento, pode-se dizer que o fim do pregão de ontem não foi lá muito auspicioso. O preço do petróleo subiu, encostou nos US$49, mas o investidor já se mostra ressabiado ao ver tal indicador se aproximar dos US$50. Tá certo que houve uma redução expressiva no estoque americano divulgado ontem, mas o mercado prefere esperar por indícios positivos do relatório semanal da Baker Hughes (Rig Count) a ser divulgado na sexta para dobrar a aposta na Petrobras. Já com relação a Vale, o resultado do segundo trimestre divulgado nesta manhã parece ter vindo em linha, com um EBITDA de aproximadamente US$2,8 bi, cravando às expectativas do banco BTG Pactual. Ontem, na parte da tarde, ao analisar a curva de volatilidade das opções da série H, notava-se uma maior demanda por travas de baixa.

* Acompanhe a minha opinião sobre o que está acontecendo no mercado ao longo do dia acessando o site MYVOL.COM.BR. Lá irei atualizar as seções Mercado Agora e Opções - Dinâmica ao longo do dia.

Marink Martins, CNPI

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