A importância da relação JPY/USD

09/04/2024

A imagem abaixo busca classificar os detentores de ações emitidas por empresas americanas entre as seguintes modalidades: famílias (Households), fundos passivos, fundos indexados (ETFs), fundos ativos, fundos de pensão, investidores estrangeiros, "hedge funds", empresas, e outros. A imagem é um tanto polêmica, pois apresenta o valor de mercado do mercado americano em 78 trilhões de dólares, enquanto há indícios de que o valor correto esteja mais próximo de 50 trilhões de dólares. Dito isso, o que realmente importa para o texto em questão é a classificação dos detentores e esta parece ser uma boa representação da realidade.

O que mais me chama atenção nesta imagem é a crescente participação dos investidores estrangeiros na bolsa dos EUA. Há indícios de que os investidores estrangeiros sejam responsáveis por aproximadamente 1/4 das ações circulantes no país (um pouco acima dos 17% da imagem acima).

A força do dólar americano é sem dúvida um dos fatores que mais contribuem para esta preferência global. Muito se fala sobre o "excepcionalismo americano" e este se manifesta através de um dólar extremamente forte quando comparado a moedas de países que são considerados os grandes poupadores do mundo. Entre eles, destaque absoluto para os investidores japoneses.

Estudos da Gavekal nos dizem que a moeda japonesa (JPY) encontra-se mais de 30% defasada em relação ao dólar quando avaliada sob o enfoque do poder de paridade de compra (PPP). Como consequência, países como a China e a Coreia do Sul não tiveram alternativas senão promover desvalorizações competitivas também em suas respectivas moedas.

Abordo este tema, pois estrategistas dizem que a última reunião feita pelo Banco do Japão ("BOJ") resultou em um comunicado extremamente acomodativo ("dovish") que não só contribuiu para um iene mais fraco em relação ao dólar (1 USD = 151,90 JPY), mas também para um "rally" no mercado de metais preciosos e industriais. Nas últimas semanas observamos uma forte valorização no ouro, na prata e no cobre.

Curiosamente, este "rally" nos preços das commodities metálicas ocorre em um momento em que a euforia com as ações da Nvidia e de outras empresas associadas à inteligência artificial parece ter esfriado. Nos últimos dias se deu bem quem comprou ouro, prata, cobre, bitcoin e, até mesmo, ações brasileiras.

Assim, chamo a atenção do investidor que a relação USD/JPY é uma que deve ser monitorada continuamente. Temos uma semana importante que será marcada pela divulgação da inflação ao consumidor nos EUA (amanhã) e também por imensos leilões de títulos emitidos pelo tesouro dos EUA ("treasuries").

Uma grande dúvida que paira no mercado é saber (ou imaginar) como será o comportamento das ações dos EUA em caso de uma eventual valorização do JPY. Tentativas de responder a esta pergunta de forma simples e direta pode ser perigosa. Mesmo assim, o investidor deve ficar sintonizado no mercado cambial, pois é possível que o mesmo dinheiro que vem turbinando as commodities e o bitcoin surja por aqui em busca de algumas pechinchas.

Marink Martins

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