A narrativa da mola comprimida

22/09/2020

Refiro-me a uma descrição utilizada no mercado de ações que compara uma sequência de quedas nos índices com um processo de compressão de uma mola.

O que os proponentes desta ideia ignoram é que enquanto uma mola tende a voltar ao seu ponto de equilíbrio -- mesmo que após um rápido "overshoot" - os mercados não possuem tal ponto de equilíbrio. Presumir um ponto de equilíbrio nos mercados é se tornar refém do viés da ancoragem - um conceito muito bem trabalhado por economistas comportamentais como Daniel Kahneman.

O fato é que STOPAR uma posição perdedora é uma das coisas mais angustiantes do mundo em se tratando das atividades ligadas ao mercado.  E é justamente por isso que nos tornamos suscetíveis a narrativas diversas que, de uma forma ou de outra, nos ajudam a ignorar a dor da "perda em potencial".

Para driblar estas armadilhas emocionais é importante que você precifique os ativos em sua carteira a mercado. Isso pode parecer trivial, mas não é. Marcar uma posição a mercado muitas vezes traz uma volatilidade de resultados indesejada, e até mesmo, problemática.

Contudo, neste mundo pós-covid - um mundo em rápida transformação - é de extrema importância que investidor/especulador enfatize estas duas iniciativas:

  • Estabeleça um limite quanto a alocação de recursos por ativo. Não defina o nível de risco de um ativo com base em sua volatilidade histórica. Estamos em um mundo em transformação. Imóveis comerciais estão "micando" em um ritmo impressionante.
  • Estabeleça um prazo. Tente definir a priori se você está entrando em um trade de curto prazo ou um investimento de longo prazo. Transformar um trade de curto prazo em um investimento de longo prazo é uma das piores iniciativas no mercado.

Após ter casado "tamanho da operação" com "prazo da operação", não esqueça de marcar a posição a mercado.

Se tudo isso der errado, siga os mandamentos de Raul: tente outra vez!

Marink Martins 

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