A perda de competitividade alemã

30/05/2022

Não é só a inflação elevada associada ao custo de energia que está afetando negativamente a performance do setor exportador alemão. A escassez de componentes e seus altos preços também vem contribuindo para que superávit externo alemão -- um indicador que, em seu melhor momento (2015), atingiu 8% do PIB -- esteja em queda acelerada, registrando como patamar atual somente 2,4% do PIB.

No último vídeo da série MYCAP TENDÊNCIAS GLOBAIS (ver ao clicar aqui) falei sobre diversos temas. Dentre eles, explorei o tema de uma vulnerabilidade energética que hoje está presente na China e que poderá ser transferida para a Europa devido a uma provável polarização global associada a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Complementei argumentando que tal transferência tende a se manifestar através de um custo mais elevado do dinheiro; algo que deve "minar" ainda mais a competitividade alemã nos próximos anos.

Mas, não é só isso. A busca por baterias para impulsionar os carros e outros veículos elétricos é algo que vem crescendo de forma assustadora. E isso vem tendo um impacto direto no setor manufatureiro alemão, elevando os custos das matérias primas (níquel, por exemplo) e, principalmente, da mão de obra. O salário mínimo na Alemanha deverá subir 20% em outubro deste ano. Com isso, o principal sindicato alemão já pede por um aumento anual de 8,2% nos salários.

É difícil não olhar para o que está em urso na Alemanha e na Europa e não pensar na mais famosa música da banda de rock alemã Scorpions: "Wind of Change" ("o vento da mudança"). Só que desta vez parece que estamos diante de um vento não tão auspicioso.

Marink Martins

www.myvol.com.br