A principal mensagem vinda das urnas de Hong Kong

25/11/2019

A semana se inicia com um tom positivo advindo das eleições realizadas em Hong Kong durante este domingo. Houve uma clara vitória do movimento pró-democracia. Contudo, creio que o fator mais importante a ser considerado foi a expressiva participação dos eleitores no processo. A eleição contou com a participação mais de 70% dos eleitores contra 45% registrado nas últimas eleições realizadas em 2015. É a democracia deixando sua marca! Isso é certamente positivo para o cidadão de Hong Kong. Já para os mercados, é necessária uma maior reflexão.

Esta elevada participação dos eleitores em Hong Kong instantaneamente me levou a concluir que poderemos ver algo similar nas eleições presidenciais norte-americanas em 2020. Neste caso, mesmo reconhecendo as nuances associadas aos colégios eleitorais dos EUA, creio que uma maior participação dos eleitores seja algo positivo para o partido democrata. Digo isso pois em estados onde a disputa é apertada (nos "battle states") como a Florida, uma maior participação da população, em particular no sul do estado, é algo certamente favorável ao candidato do partido democrata. O mesmo pode ser dito para outros estados como da Pensilvânia, Ohio, Michigan e outros onde Trump brilhou em 2016.

E por falar em eleições americanas, vale relembrar que no ano que vem a definição para o representante do partido democrata deverá ocorrer um pouco mais cedo. Já no dia 3 de março ocorre a "Super Tuesday" - uma terça-feira onde diversos estados definem o seu representante dentro do partido.

Conectando tudo isso aos mercados, não é à toa que a estrutura a termo de volatilidade, medida pelos contratos futuros do VIX - medida de volatilidade associada ao índice S&P 500 - já indica uma volatilidade bem mais elevada para o mês de fevereiro de 2020. Enquanto o VIX corrente está abaixo de 13%, o VIX projetado para fevereiro já aponta para 18%.

Vale ressaltar também que, embora o índice S&P 500 esteja nas máximas, outros indicadores de mercado não estão embarcando na mesma onda de otimismo. Os mercados globais pararam de subir e os "spreads" das dívidas corporativas de empresas classificadas como BBB começaram a abrir, o que não é auspicioso para a continuidade do ímpeto altista nas bolsas. Em particular, é importante chamar atenção ao fato de que as empresas do setor petrolífero dos EUA - aquelas envolvidas na exploração do óleo/gás através do Xisto - estão enfrentando uma nova onda de desconfiança por parte de agentes do mercado.

Assim, nos aproximamos do fim deste ano com alguns à espera de uma espécie de "rally" de natal nas bolsas, enquanto outros optam por se manter no lado mais cético. Faço parte deste último grupo, à espera do retorno de níveis de volatilidade que sejam condizentes com o nível de incerteza presente nos mercados.

Marink Martins


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