A semana dos IPOs

07/12/2020

Que mercado é esse? Quando cai, cai como em uma depressão. Quando sobe, sobe de forma eufórica. Temos um mercado exibindo sintomas claros de uma doença maníaco-depressiva. Está certo que, em parte, os mercados sempre se comportaram assim. Mas, há indícios claros de que os sintomas vêm ganhando uma outra dimensão.

A verdade é que somos levados a buscar uma compreensão dos mercados do ponto de vista fundamentalista. Ao vermos esta segunda onda da pandemia logo pensamos em seus impactos na lucratividade futura das empresas. Da mesma forma, o fim dos auxílios emergenciais ao redor do mundo também tende a ser algo negativo para a lucratividade das empresas.

Contudo, muitas vezes esquecemos que, no curtíssimo prazo, o mercado é força! Em outras palavras, a tendência de curto prazo depende mais do posicionamento e da força dos agentes do que dos fundamentos da economia.

Entramos em uma semana em que ocorrem dois grandes IPOs: o da Rede D´Or no Brasil e do AirBnB nos EUA.

Quem já atuou em um banco de investimentos sabe exatamente a importância de operações como estas para a lucratividade da área de "Investment Banking" das instituições envolvidas. Não se trata somente das comissões elevadas. Tais operações podem beneficiar as instituições envolvidas de diversas outras formas como através da aquisição de lotes de ações adicionais ("green shoe") , obtenção de novos clientes, e outras formas.

Além dos IPOs, temos também o posicionamento dos agentes nos mercados derivativos - algo que, neste ano de 2020, ganhou uma nova dimensão.

Aqui no Brasil estamos a 10 dias do vencimento de opções. A volatilidade implícita associada aos contratos da série L está relativamente alta. Mais surpreendente para mim, é a alta volatilidade associada aos contratos referentes ao mês de janeiro de 2021 (série A).

Já nos EUA ocorre algo distinto. Por lá, a volatilidade realizada - aquilo que, de fato, observamos nos mercados - está mais baixa do que a volatilidade implícita - aquela embutida na precificação dos contratos vigentes. Pelo jeito temos por lá, uma situação de muitos titulares e poucos lançadores de opções; algo que, na maioria das vezes, resulta em perdas para os comprados. 

Sendo assim, concluo este texto afirmando que o momento me parece um pouco mais complexo do que o normal, com os fundamentos apontando para uma maior chance de retração enquanto detalhes técnicos apontam para uma maior sustentação dos níveis atuais. Nestes casos, o melhor a ser feito é esperar. Paciência continua em voga.

Marink Martins

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