48 horas

19/10/2020

Os mercados iniciam a semana com um tom positivo na expectativa de aprovação do pacote econômico nos EUA. Nancy Pelosi, líder democrata na câmara dos deputados, disse que os partidos têm 48 horas para a conclusão de acordo. Caso contrário, tal iniciativa ficará para fevereiro de 2021.

Aqui no Brasil, um esforço similar está em curso. Os senadores querem convencer o presidente Jair Bolsonaro a estender o estado de calamidade para 2021; algo rechaçado pelo ministro Paulo Guedes e, também, por Rodrigo Maia.

O curioso é que, ao contrário do que ocorrera no passado em momento de incertezas, os mercados se mostram fortes, embalados pela narrativa de que aquilo que deu certo nos últimos meses, tende a continuar seu movimento. Assim, a divergência entre ações associadas a "valor" e as ações associadas a "crescimento" só cresce.

Compartilho com o leitor um gráfico publicado neste fim de semana pelo estrategista John Hussman, da Hussman Strategic Advisors. Neste Hussman nos mostra quão "esticado" está o índice S&P 500 quando comparado com múltiplos históricos. Hussman é famoso por publicar um gráfico de P/L em que o lucro normalizado levando em consideração a média das margens corporativas líquidas dos últimos 10 anos.

Dentre as inúmeras questões discutidas por Hussman em seu relatório, a que normalmente é ignorada pelo mercado diz respeito de que há uma percepção de que as ações representam uma boa defesa contra qualquer salto na inflação. Hussman nos mostra que, em um primeiro ato - quando os preços sobem inicialmente - o que se observa é uma significativa compressão de múltiplos de lucros.

Dito isso, não devemos ignorar que estímulos econômicos estarão conosco por muitos anos. Se irão ocorrer imediatamente ou não importa mais para aqueles que estão no giro do dia a dia. Sigo sugerindo uma postura tática.

Marink Martins

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