Agenda econômica na berlinda

15/05/2020

O país é destaque na mídia internacional com esta reportagem publicada nesta manhã na CNBC. O mundo está cético com a capacidade do país de avançar na aprovação de reformas estruturais que são necessárias para que o endividamento do país se estabilize. Todo este estresse vem se refletindo através de uma significativa desvalorização do real.

Neste momento em que escrevo o índice futuro do IBOV cai aproximadamente 0,80% devido a um cenário externo mais conturbado.

Só nesta manhã tivemos uma intensificação das tensões comerciais entre os EUA e a China, além da divulgação de indicadores econômicos desastrosos nos EUA.

Há, entretanto, razões para um maior otimismo no curtíssimo prazo. Ontem, logo após relatos de uma aproximação de Jair Bolsonaro com o presidente da câmara, Rodrigo Maia, o índice disparou. Hoje, até este momento, observamos uma queda bem amena diante das incertezas.

A grande dúvida neste momento reside na conciliação desta nova aproximação entre executivo e legislativo com a continuidade da política econômica de Paulo Guedes.

Lá atrás, no fim dos anos 90, após a crise asiática e o calote russo, o Brasil não viu alternativa senão alterar seu direcionamento cambial. Para que tal mudança de rota fosse implementada, foi necessária uma alteração na direção do BC. De repente, não havia mais espaço para o celebrado presidente do Banco Central Gustavo Franco.

A grande dúvida do momento é: neste novo mundo que demanda uma maior participação do Estado, será que é possível fazer isso mantendo Paulo Guedes no comando da economia?

Há uma escola econômica que diz que esta recessão que se apresenta é uma de natureza patrimonial. Estamos diante do que é conhecido, em inglês, como uma "Balance Sheet Recession". O próprio Jerome Powell, nesta semana, discutiu a possibilidade de um evento de insolvência.

Com o setor privado "machucado", as famílias e as empresas elevarão suas respectivas taxas de poupança. Assim, tudo indica que o único caminho para que se evite um espiral deflacionário no curtíssimo prazo é contar com políticas fiscais expansionistas. Em outras palavras, aumentar o endividamento.

Marink Martins

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