Vivemos hoje em um
mundo bem mais conectado do que aquele visto no período pré-crise de 2008. Por
isso mesmo, ao detectar um cenário de aversão a risco em diversas partes do
mundo, é algo preocupante.
Neste primeiro
instante, especula-se a respeito de uma realocação global de recursos oriundos
de países emergentes para os EUA. Isso, além de beneficiar a moeda americana,
vem também promovendo uma valorização em ações de empresas de médio porte nos
EUA, como visto na mais recente valorização do índice Russell 2000.
Entretanto, é
possível que esta recente intensificação das tensões comerciais entre China e
EUA contribua para um cenário de aversão a risco no próprio EUA. Caso isso aconteça,
o dinheiro irá fluir de ativos de riscos diretamente para a segurança dos
títulos norte-americanos, em um cenário que certamente será doloroso aos
emergentes.
Olhando para
história, vale ressaltar que a grande queda na bolsa americana há
aproximadamente 30 anos ("Black Monday") foi precedida por um movimento de aversão
a risco iniciado na Ásia. De forma análoga, tivemos também a crise asiática nos
anos 90 que para os países latino americanos foi extremamente severa.
Neste sentido, é
importante monitorarmos como a China irá reagir ao crescente movimento
protecionista norte-americano. Sabe-se que uma forçada desvalorização de 10% na
moeda chinesa seria capaz de anular, em uma única "canetada", grande parte das
medidas protecionistas de Trump. Por um outro lado, os chineses estariam
abrindo uma caixa de pandora que, no curto prazo, poderia jogar o mundo
definitivamente em um cenário de "RISK OFF".
Por tudo isso, é
importante calma nesta hora. Você vai ouvir que as ações no Brasil estão
baratas, negociando abaixo do P/L médio histórico. Vai ouvir que os fundos
estão sub-alocados. Vai ouvir que os preços representam uma grande oportunidade
de investimento de longo prazo.
CALMA! O movimento
de saída de estrangeiros deixou os locais comprados. O que manda nas bolsas é o
movimento de compra marginal. Acho eu que o comprador, neste momento, tem o
luxo de poder ser mais paciente e esperar por preços ainda melhores. Por isso,
reitero a mensagem que venho propagando ao longo do ano: CAVEAT EMPTOR - BUYER BEWARE -CUIDADO COMPRADOR.
Marink Martins