Além do FED, um outro fator poderá derrubar os mercados no curto prazo!

Na semana passada gravei um episódio da série MyCAP Tendências Globais onde chamei atenção para a possibilidade de que o FED - em sua próxima reunião no dia 29 de janeiro - poderá "jogar água no chopp" dos comprados com uma simples menção da palavra "complacência" em seu comunicado. Confira o vídeo ao clicar aqui.

Contudo, há um outro tema que poderá contribuir para uma deterioração dos mercados no curto prazo. Estou falando do fato de que as ações da Boeing entraram em uma clara tendência de baixa após a empresa ter anunciado mais um atraso para o eventual retorno dos aviões 737-MAX.

Hoje o analista Chris Olin da empresa Longbow Research rebaixou o preço alvo das ações da Boeing de US$300 para US$280 devido ao impacto que tal atraso, assim como outras perdas, terá no fluxo de caixa projetado para o ano de 2020. O analista prevê um fluxo de caixa livre para o ano de somente US$2 bilhões; um valor muito baixo para uma empresa que atualmente conta com um patrimônio negativo e que, em breve, terá que acessar o mercado de crédito.

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Se não estivéssemos em um mercado marcado pelo excesso de liquidez associado as intervenções do FED, eu arriscaria dizer que as ações da Boeing estariam vulneráveis a uma tremenda correção. Digo isso, pois as projeções de analistas convergem para uma estimativa de lucro por ação para o ano de 2020 na faixa de US$10, o que coloca a empresa negociando com um múltiplo projetado de 17x.

Tal múltiplo por si só pode até ser considerado baixo para os dias de hoje em se tratando de uma empresa que faz parte de duopólio global. Dito isso, há quem especule que o pior ainda está por vir para empresa que deverá enfrentar uma série de litígios associados ao fiasco do avião 737-MAX.

Acima, uma tabela com as ações que compõem o índice Dow Jones Industrial Average. Observe que as ações da Boeing (valor de mercado de US$170 bi), por terem um preço elevado, possuem quase o mesmo peso que as ações da Apple (valor de mercado de US$1,4 tri). Essa é uma das aberrações associadas ao índice Dow Jones Industrial. 

Considerando que as ações da Boeing possuem um dos maiores pesos dentro do índice Dow Jones Industrial Average, uma queda mais expressiva poderá não só derrubar tal índice, mas abalar a confiança que vem impulsionando os mercados.

Marink Martins