Alguém ouviu se o COPOM cortou a SELIC?

22/03/2018

Já começo me desculpando pelo tom irônico do título acima. Sei que o COPOM cortou a meta da SELIC de 6,75% para 6,50%, mas juro que não considero que tal movimento seja de grande relevância nos mercados.

Somos um país dependente de capital externo e por esta razão acredito que o foco esteja no exterior. Hoje, o que ocorre com as ações da Facebook acaba tendo uma maior relevância do que algumas decisões macroeconômicas locais. Sei que tal afirmação parece insana, mas quem disse que os mercados são regidos pela razão.

Dito isso, vamos ao que realmente parece fazer preço nos mercados globais. Ontem, em meio a primeira reunião do FED regida por Jerome Powell, o que mais me chamou atenção no noticiário não foi uma visão mais cautelosa por parte da autoridade americana, mas sim, o fato de que tal instituição também começa a ser menos impactante. Vou tentar ser mais claro.

Após a decisão do FED de elevar meta do "fed funds" para um intervalo entre 1,5% e 1,75%, o noticiário mais técnico tomava como foco o fato de que a taxa LIBOR está com uma dinâmica própria e bem mais restritiva. Aqui, é importante ressaltar que tal taxa baliza o custo de capital no mundo de uma forma bem mais abrangente do que a taxa do "fed funds".

Jim Grant, editor da newsletter "Interest Rate Observer" e respeitadíssimo no segmento, só falava sobre a LIBOR em sua entrevista concedida à CNBC após a reunião do FED. Grant afirma que a LIBOR é a base de precificação em mais de 300 trn de dólares em ativos.

Como podemos ver pelo gráfico acima, não levará muito tempo para que a taxa LIBOR se torne "mainstream" no noticiário financeiro brasileiro.

Marink Martins

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