As perspectivas para a Petrobras pós-"squeeze" de vencimento de opções

22/05/2018

Ontem tivemos o vencimento de opções na B3 com destaque para os contratos de opções de compra de ações da Petrobras. Os dias que antecederam tal vencimento foram dias marcados por fortes oscilações no preço da ação devido a especulações em torno do anúncio de um acordo entre o governo e a Petrobras no que tange ao contrato de Cessão Onerosa assinado em 2010.

Embora o dia de ontem, em particular, não tenha reservado fortes emoções, o "vencimento" como um todo - as 4 semanas que antecederam tal data - ficou para história.

Afirmo isso justamente pelo fato de ter testemunhado um contrato de opção, a PETRE56 (preço de exercício de R$26,50), que atraiu uma multidão de novos participantes a este mercado, adquirindo um contrato a 44c, vendo-o cair para 3c, para subsequentemente vê-lo subir para 1,20 e, no fim, virar pó (valer zero).

Foi certamente, um período fascinante neste mercado. Mas vamos olhar para frente. Será que o ocorrido no vencimento da "Série E" tende a influir no comportamento do preço das ações para o vencimento corrente, o da "Série F"?

Creio que sim. O movimento de alta nas ações foi muito forte e com volatilidade implícita ascendente. Isso implica dizer que muitos investidores, buscando evitar prejuízos maiores, injetaram recursos neste mercado, adquirindo posições "dentro-do-dinheiro" e as "hedgeando" ou "travando" vendendo posições "fora-do-dinheiro".

No mercado de opções é comum empurrar o prejuízo para frente, buscando na rolagem e na passagem do tempo, uma forma compensatória.

Um problema, entretanto, é que a dinâmica de valorização no preço das ações da Petrobras está sendo questionada diante da possibilidade de intervenção estatal no preço da gasolina. Conseguirá o governo manter a independência da estatal diante da pressão de caminhoneiros e da população em um ano de eleições?

Esta é certamente uma dúvida que contribuirá para uma maior volatilidade no preço do ativo. A possibilidade de uma intervenção poderá fazer com que muitos investidores abandonem a ação por receio do retorno de uma política que, por pouco, não destruiu a empresa durante a gestão de Dilma Rousseff.

Sendo assim, concluo aqui que os últimos eventos, não só do ponto de vista macroeconômico, mas também do ponto de vista de mercado, corroboram para um viés mais negativo no que diz respeito as perspectivas de curto prazo para o preço da ação da Petrobras.

Marink Martins

Confesso estar com saudades de um mercado focado em questões microeconômicas. Do dia 27 de fevereiro para cá, entramos em uma onda ruim na qual o ruído político passou a ser o fator mais impactante no mercado de ações doméstico. Entramos em um mercado focado no "macro", à mercê do que é dito em Brasília.

Há momentos nos mercados em que os preços se deslocam de forma tão surpreendente que os agentes e a mídia financeira ficam simplesmente perplexos. Como consequência, passamos a ler e ouvir explicações para os surpreendentes movimentos que soam como meras simplificações em meio a algo que é certamente complexo.

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