Ontem tivemos o vencimento de opções na B3 com destaque para
os contratos de opções de compra de ações da Petrobras. Os dias que antecederam
tal vencimento foram dias marcados por fortes oscilações no preço da ação
devido a especulações em torno do anúncio de um acordo entre o governo e a
Petrobras no que tange ao contrato de Cessão Onerosa assinado em 2010.
Embora o dia de ontem, em particular, não tenha reservado
fortes emoções, o "vencimento" como um todo - as 4 semanas que antecederam tal
data - ficou para história.
Afirmo isso justamente pelo fato de ter testemunhado um contrato
de opção, a PETRE56 (preço de exercício de R$26,50), que atraiu uma multidão de
novos participantes a este mercado, adquirindo um contrato a 44c, vendo-o cair
para 3c, para subsequentemente vê-lo subir para 1,20 e, no fim, virar pó (valer
zero).
Foi certamente, um período fascinante neste mercado. Mas vamos
olhar para frente. Será que o ocorrido no vencimento da "Série E" tende a influir
no comportamento do preço das ações para o vencimento corrente, o da "Série F"?
Creio que sim. O movimento de alta nas ações foi muito forte e
com volatilidade implícita ascendente. Isso implica dizer que muitos investidores,
buscando evitar prejuízos maiores, injetaram recursos neste mercado,
adquirindo posições "dentro-do-dinheiro" e as "hedgeando" ou "travando"
vendendo posições "fora-do-dinheiro".
No mercado de opções é comum empurrar o prejuízo para frente,
buscando na rolagem e na passagem do tempo, uma forma compensatória.
Um problema, entretanto, é que a dinâmica de valorização no
preço das ações da Petrobras está sendo questionada diante da possibilidade de
intervenção estatal no preço da gasolina. Conseguirá o governo manter a
independência da estatal diante da pressão de caminhoneiros e da população em
um ano de eleições?
Esta é certamente uma dúvida que contribuirá para uma maior
volatilidade no preço do ativo. A possibilidade de uma intervenção poderá fazer
com que muitos investidores abandonem a ação por receio do retorno de uma
política que, por pouco, não destruiu a empresa durante a gestão de Dilma
Rousseff.
Sendo assim, concluo aqui que os últimos eventos, não só do
ponto de vista macroeconômico, mas também do ponto de vista de mercado,
corroboram para um viés mais negativo no que diz respeito as perspectivas de
curto prazo para o preço da ação da Petrobras.
Marink Martins