Bear Squeeze

24/01/2020

Há momentos em que os preços de mercado se afastam de nossas "teses" que o melhor é não fazer nada, não dizer nada. Estou aqui estudando o resultado divulgado pela Netflix, buscando entender como se dá esta dinâmica onde investidores saem pagando por ganhos futuros diversos anos antes da materialização da lucratividade esperada.

Quantas Netflixs podemos ter no mundo?

Qual é a relevância da contabilidade (GAAP ou IFRS) em casos onde grande parte da criação de valor ocorre através de ativos intangíveis?

Como tudo isso se aplica aos "cases" brasileiros como MGLU, XP, Banco Inter, etc?

Hoje, em entrevista a CNBC, Mohamed El-Erian (PIMCO) afirmou que as relações de mercado estão todas desconfiguradas devido ao elevado nível de liquidez que está sendo injetado nos mercados.

Curiosamente, as narrativas vão se adaptando aos novos preços dos ativos. As ações da Apple que negociavam a um múltiplo de 15x com uma narrativa de que o ciclo dos smartphones estava virando, hoje negocia com um múltiplo de 25x, amparado por uma narrativa associada a serviços.

Por aqui não é muito diferente. Deve haver muito mais na Magalu e na XP para justificar um valuation de R$100 bi - ambas negociando com múltiplos superiores a 100x o lucro projetado para 2020!

Na semana seguinte temos a reunião do FED e a divulgação de diversos resultados nos EUA; inclusive o da Apple. Um outro fator importante é que a bolsa da China ficará fechada devido ao feriado do ano novo chinês. Considerando que notícias associadas ao vírus Corona fez com que empresas como a Disney e a McDonald´s alterassem suas atividades no país, devemos ficar atentos a possibilidade de uma maior volatilidade no retorno dos mercados.

Marink Martins

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