Bitcoin: "BOOM OR BUST"?
Ontem, pedi a Mariana Ratão, da equipe MyVOL, que acompanhasse o documentário da CNBC -- Bitcoin: Boom or Bust. Abaixo, segue a sua análise.
A CNBC exibiu nesta segunda feira o documentário "Bitcoin: Boom or Burst"; produzido pela jornalista jornalista Melissa Lee. Figuras excêntricas
como Roger Ver ("Bitcoin Jesus") e Justin "Cryptokid" foram
os astros da edição. Mas o bitcoin saiu da roda de seus libertários
entusiastas: um dos administradores da corretora de criptomoedas
Coinbase demonstrou o tamanho da liquidez deste mercado - 20
milhões de clientes da Coinbase movimentam 4 bilhões de dólares em
bitcoins por dia. Além da Coinbase, Binance, OKEx, Bitfinex, Huobi,
HitBTC, Bithumb e Kraken movimentam valores tão expressivos quanto.
Um mercado bilionário, até poucos anos ignorado pelos governos e
agentes institucionais, começa a ganhar legitimidade perante ao
sistema bancário convencional.
O empresário Ran Neu-Ner, israelense radicado na África do Sul, diz para Lee que o número de pessoas sem contas bancárias no mundo ultrapassa os 2 bilhões - o meio de transporte de dinheiro mostrado por um sul-africano chega a ser surreal: um motorista de ônibus recebe a quantia em mãos e promete entregar para uma família no Zimbabwe. As criptomoedas são uma alternativa viável para estes mercados emergentes, onde muitas vezes a hiperinflação destrói todo o valor de compra do dinheiro local, e há um gap de serviços bancários, inacessíveis para a maioria da população.
Na
Venezuela e no Zimbabwe, por mais volátil
que seja o preço do bitcoin, a alternativa é muito
mais segura que a moeda estatal
- a corrupção e a pobreza na Venezuela
chega a tanta que vemos notícias com os próprios agentes do estado
cobrando propinas para liberarem o
transporte de comida nas ruas. O
lado revolucionário do bitcoin, pode, sim, diminuir
a pobreza e melhorar a qualidade de vida,
onde o nosso convencional está a milhas
de se realizar.
Passando
para outros bilionários do bitcoin, há os gêmeos Winklevoss, que
inundam a SEC (Securities and Exchange Comission - a comissão de
títulos e câmbio americana) com pedidos de criação de ETFs
baseados na moeda. Este tipo de legitimidade perante à maquina
estatal aproxima aos poucos o campo gravitacional do bitcoin para as
inevitáveis ações regulatórias do governo. A exchange Bitfinex
criou o token USDT (Tether) como espelho do dólar, controlando a
emissão da moeda artificialmente - maneira muito habitual para
quem está familiarizado com as políticas monetárias dos bancos
centrais. E ainda mais problemática, pois as reservas em dólar para
USDT da Bitfinex não são auditadas por terceiros desde 2017, quando
a exchange rompeu relações com a firma Friedman LLP.
Como já
sinalizou Hester Peirce, uma dos comissários que estão a cargo das
decisões sobre a ETF baseada em bitcoin, a adoção da criptomoeda
por market makers como Goldman Sachs, JPMorgan e Morgan Stanley
demonstra a maturidade deste mercado. O bitcoin, ao se tornar
adolescente, vai, aos poucos, abandonando os idealismos e se
transformando no primo do sistema bancário.