Bolsa x câmbio -- a hora da correlação inversa!

23/08/2018

O grande escritor, Ivan Sant´anna, coleciona observações a respeito do mercado de capitais que chegam a representar axiomas. Entre as repetidas nos últimos anos, a que eu mais me identifico é aquela que diz algo parecido com isso: Um mercado que sobe em meio a notícias interpretadas como ruins é um mercado forte.

Está certo que Ivan certamente expressou seu pensamento de forma bem mais poética do que a forma colocada acima. Mas, estou certo de que você me entende.

Ontem, comecei a enviar aos assinantes MyVOL, o que eu denominei como MyVOL ThinkBOX, um email mais objetivo formulado para ajudar você, assinante, a se posicionar com mais segurança durante o "intraday". Enviei a primeira comunicação em um momento importante no mercado, um onde o preço do petróleo se valorizava e indicava uma tendência a "RISK ON".

No texto contendo poucas linhas, uma pergunta bem no estilo "Lacaniano", para fazer você refletir de forma probabilística.

Espero, em um espaço não muito longo, transformar este email em uma forma de comunicação mais ágil - quem sabe SMS, Whatsapp. Mas tudo por aqui é novo. Vamos nos adaptando.

Mas vamos realmente ao que interessa: os mercados.

Ao mesmo tempo em que observo parte dos agentes em choque devido a não-reação dos mercados diante dos eventos litigiosos envolvendo pessoas bem próximas de Trump, noto também que a discrepância de performance entre as ações americanas e as de mercados emergentes chegou a um ponto extremo.

Em busca de maiores retornos, é notável um movimento de rotação setorial nos EUA em que acredito que criará espaço para ações localizadas em países onde não haja vulnerabilidades do ponto de vista das contas externas.

Neste sentido, o Brasil se diferencia da Turquia, e poderá se beneficiar de um repique tático.

Naturalmente, vivemos um momento em que os agentes locais adequam suas carteiras para um cenário em que há uma boa chance de que Haddad irá para o tão aguardado segundo turno das eleições presidenciais. E isso suscita a seguinte pergunta? É possível vermos a bolsa subindo mesmo assim?

Não seria um tolo aqui de responder enfaticamente esta pergunta por inúmeras razões que vocês já sabem. Entretanto, me arrisco a dizer que a resposta está no câmbio.

Caso o real absorva o risco político e se desvalorize mais, é provável que a bolsa se valorize.

Nunca fui fã de análises gráficas denominadas em dólar. Boa parte das empresas locais faturam em reais e, no longo prazo, os resultados refletem múltiplos sobre lucros em moeda local.

Contudo, nesses próximos meses, em que tudo que temos são expectativas de reformas e nada de concreto, a velha expressão que afirma que a bolsa está barata em dólares pode fazer todo sentido.

Marink Martins

www.myvol.com.br