Buscando uma direção em meio a ambiguidade dos mercados

13/01/2020

Que os índices de renda variável norte-americanos parecem precificar um otimismo exagerado com relação a economia dos EUA poucos discordam. A questão, entretanto, é o que fazer com esta informação. Afinal, não há lei que proíba que as bolsas fiquem caras ou baratas por um longo período.

No gráfico acima, observamos a enorme disparidade entre o valor das 5 maiores empresas americanas e suas respectivas lucratividades. 

Diante da afirmação acima só nos resta sair em busca de catalisadores que poderão provocar uma eventual mudança de tendência nos mercados.

Aqui no Brasil vimos um recuo razoável no IBOV. Não se tratou de um crash, mas certamente deixou os comprados em bolsa um tanto preocupados. Já no índice S&P 500 o que vemos é uma máxima atrás da outra. Pudera! Lá está o epicentro do processo de manipulação de taxas de juros através das intervenções mensais do FED. Trata-se de uma injeção mensal de US$60 bi que faz toda a diferença. Mas tudo isso você naturalmente já sabe.

O que posso te dizer de novo é que os estrategistas globais que acompanho de perto estão mais otimistas com a China para o curto prazo. Apontam para uma recuperação nos setores automobilístico e de semicondutores que devem contribuir para um cenário mais benigno por lá, contribuindo assim para a tese conhecida como "reflation trade"; uma em que o dólar fica mais fraco e permite uma retomada de ativos mais cíclicos como commodities e ativos de países emergentes.

Dito isso, confesso a você que estou enfrentando esse início de ano com muita cautela. Falo isso pois a minha vida é dedicada a colocar em prática a estratégia do Cerco Dinâmico utilizando ações e opções de Petrobras PN. Como a volatilidade implícita associada a tais opções está no chão - saindo por volta de 22% -- o melhor a ser feito é transitar com muita cautela, com posições bem pequenas, pois um salto na volatilidade pode ser algo bem desagradável aos vendidos.

Mas, entendo perfeitamente se você se encontra frustrado diante de toda esta ambiguidade discutida por aqui e pela mídia financeira. Começamos o ano cheio de energia, dispostos a sair em busca de um "trade" vitorioso e, de repente, temos uma situação em que o S&P 500 parece estar performando melhor do que o IBOV! "Será que teremos mais um ano de domínio dos índices americanos?" pergunta o investidor ansioso. Eu não tenho uma resposta a essa pergunta. Só o tempo irá dizer. Mas, creio que, com um pouco de paciência, alguns eventos como -- a venda de ações do BNDES, mais informações sobre corrida presidencial nos EUA, e outros - contribuirão para um cenário em que teremos um pouco mais de convicção.

Marink Martins

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