Embora o comportamento das massas, em alguns casos, confira um
certo grau de previsibilidade ao comportamento dos preços de alguns ativos,
julgo que boa parte do que chamamos de "intra-day" dos mercados seja dominado
pelo aleatório.
Assumindo tal premissa, afirmo ser um desafio passar o dia
todo lendo análises e ouvindo a CNBC em busca de detectar o que realmente
importa.
Por desempenhar tal função há bastante tempo, as vezes consigo
saber de antemão se um determinado entrevistado tende a influenciar ou não os
preços de mercado.
No passado, bastava a estrategista da Goldman Sachs, Abby Joseph Cohen, aparecer
na TV, que investidores mais atentos já entravam comprando em antecipação a sua
fala. Abby representava o otimismo dos anos 90.
Já na década passada, bastava uma aparição de Nouriel Roubini
para que o mercado temesse.
Hoje, estamos um pouco carentes destes figurões. Provavelmente
devido ao fato dos Bancos Centrais terem transformado as regras do jogo com
seus estímulos quantitativos inusitados.
E, justamente devido a estas transformações, que julgo que o
mais prudente neste momento seja focar no que seus representantes têm a dizer.
Neste sentido, quando o atual presidente do banco central de
Nova York, William Dudley, disse ao mercado na última quarta-feira, dia 18, as
16:15, que o mais importante neste momento é que o FED normalize a taxa de juros,
elevando a taxa do fed funds para 3%, os mercados não só reagiram
negativamente, mas vem se ajustando desde então.
Ontem tivemos um dia negativo influenciado por comentários do
CFO da empresa Caterpillar afirmando que a lucratividade da empresa parece ter
atingido um pico. Seu comentário não só derrubou as ações de sua empresa, mas
também de todo o setor industrial norte-americano.