Como será o pouso? Suave ou turbulento?

02/02/2021

Na sexta-feira parecia que essa semana seria um caos. Já, neste momento em que escrevo, parece que caminhamos para um pouso suave.

Naturalmente, estou falando desta onda especulativa que se iniciou em novembro - com a eleição americana e anúncio da vacina - e se intensificou em janeiro após uma percepção global de que os bancos centrais continuarão a injetar liquidez ad eternum.

Esta característica de bipolaridade dos mercados é algo que devemos aceitar e aprender a conviver com elas.

Mas, para simplificar e tentar transmitir algo útil ao leitor, chamo atenção a alguns detalhes.

Hoje as ações especulativas da Gamestop e cia caem de forma expressiva sem despertar um movimento de aversão a risco nos mercados.

Todavia, o VIX ainda está em um patamar bem elevado, registrando 26,5%. Aqui no Brasil, o preço das ações da Petrobras subiu mais de 9% entre a mínima de sexta-feira e a máxima registrada hoje. A volatilidade encontra-se elevada; por volta de 47% na série B e 45% na série C.

Estamos vivendo um período de elevada volatilidade realizada; aquela que, de fato, observamos nos mercados. O IBOV vem oscilando, no mínimo, 3.000 pontos entre máxima e mínima diariamente. O mesmo pode ser dito com relação ao S&P 500, que caiu 150 pontos e já se aproxima do patamar inicial.

Considerando que o volume de recursos tomado em conta margem nos EUA está na máxima e que a relação conhecida como PUT-to-CALL Ratio está na mínima de 30 anos, permaneço cético com relação a uma tese de pouso suave.

Por que será que no passado os mercados balançaram em situações como a quebra do fundo Amaranth Advisors em 2006, e agora parece esnobar a quase-quebra do fundo Melvin Capital?

Talvez seja pelo fato de que o valor dos ativos dos americanos dobrou de 60 tri para 120 trilhões de dólares. É possível que esta seja a razão. Há, entretanto, aquele que acredita que o nível de falcatruas presentes nos mercados (refiro-me ao famoso "Bezzle" do economista Galbraith) está nas alturas e é só uma questão de tempo para que notícias impactantes derrubem este "castelo de cartas" que se tornou o mercado de ações global.

Se esta colocação acima parece excessiva, não se esqueça que a TESLA é hoje uma das empresas mais valiosas do mundo; valendo mais do que a soma de todas as empresas do setor automobilístico. Não se esqueça que a relação de P/L das empresas de tecnologia dos EUA dobrou nos últimos dois anos.

Segue a festa. Seguem as emissões de SPACs. Seguem os IPOs de empresas brasileiras indo a mercado valendo 50x o lucro registrado em 2019. Se pagar 50x de P/L em uma ação de uma empresa brasileira sem histórico contábil não é uma aberração, eu certamente não sei mais de nada!!!! Seguem os especuladores do Reddit em busca de uma vingança das perdas registradas por seus pais em 2008. Segue o jogo. Game on.

Marink Martins


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