Conheça Chamath Palihapitiya

23/04/2018

Este post foi originalmente escrito em maio de 2017, porém, resolvi republicá-lo devido a sua relação com as perspectivas das cryptomoedas.

Em preparação para a gravação do nosso vídeo semanal MYCAP Tendências Globais, venho revendo os "highlights" da Sohn Investment Conference, organizada pela CNBC, e realizada no início desta semana em Nova York. Tal conferência que reúne a nata do mundo da gestão de recursos nos EUA surpreendeu pelo ainda elevado número de participantes entusiasmados com o potencial de ganhos oriundos de inovações tecnológicas.

Em destaque, o CEO do fundo Social Capital, Chamath Palihapitiya, unindo sua experiência de início de carreira como "trader" de derivativos e seu expertise no Vale do Silício como um dos líderes da Facebook, recomendou aos investidores que apostem na Tesla através de suas debêntures conversíveis de 5 anos que, até pouco tempo, apresentavam um rendimento implícito de 5% ao ano (o "yield" atual é zero). Ao investir nestas debêntures, os investidores limitam suas perdas e, simultaneamente, se expõem a 95% do "upside". Em uma tradução livre do que foi dito pelo próprio gestor: "uma aposta barata, com enorme potencial de ganho caso Elon Musk (fundador da Tesla), de fato, venha a se tornar o novo Thomas Edison".

Questionado pela repórter sobre o risco de crédito associado a tais debêntures e pelo número de "vendidos a descoberto" nas ações da Tesla (em destaque, o famoso "short seller" Jim Chanos), Palihapitiya disse que qualquer gestor que acredita poder modelar o futuro através de uma planilha de Excel está simplesmente enganando seus clientes e a si mesmo.

Consciente ou não do fato, sua resposta foi digna de um discípulo de Edward Thorp, o famoso gestor do qual venho fazendo apresentações sobre sua recém-lançada biografia "A Man for All Markets". Assim como Thorp e, posteriormente Nassim Taleb, Palihapitiya entende que empresas como Amazon e Tesla percorrem um caminho alternativo, complexo demais para serem modelados com base em dados históricos. Parafraseando livremente Taleb, se a vida é um jogo de dados, há faces destes que nunca nos deram o ar de sua graça. Por isso, quando surgem, para o bem ou para mal, sempre nos deixam perplexos.

Marink Martins


Confesso estar com saudades de um mercado focado em questões microeconômicas. Do dia 27 de fevereiro para cá, entramos em uma onda ruim na qual o ruído político passou a ser o fator mais impactante no mercado de ações doméstico. Entramos em um mercado focado no "macro", à mercê do que é dito em Brasília.

Há momentos nos mercados em que os preços se deslocam de forma tão surpreendente que os agentes e a mídia financeira ficam simplesmente perplexos. Como consequência, passamos a ler e ouvir explicações para os surpreendentes movimentos que soam como meras simplificações em meio a algo que é certamente complexo.

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