MyVOL ThinkBOX - Petrobras

28/02/2019

Como você já deve saber, a Petrobras divulgou o seu resultado do quarto trimestre. Não vou aqui entrar em detalhes com relação aos números, mas sim fazer um breve comentário e compartilhar com vocês a minha conta feita em papel de pão para o "valuation" da dita cuja.

Primeiramente, é importante ressaltar que é comum no primeiro trimestre em que um novo líder corporativo assume -- como é o caso do Roberto Castello Branco na Petrobras -- que este promova o que, em inglês, é conhecido como um processo de kitchen sinking

O que é isso? Isso refere-se a prática de revelar todas as notícias ruins da empresa imediatamente no primeiro trimestre de gestão. Afinal, o novo líder não tem culpa alguma do que foi feito por seu antecessor. Sendo assim, nada melhor do que promover uma baixa contábil generalizada, incluindo, se necessário, a pia da cozinha ("kitchen sink").

Dito isso, o que observamos no 4T18 foi um resultado relativamente bom que, ajustado pelos R$6,3 bilhões em itens especiais, nos indica um retorno sólido.

Quanto ao meu valuation da empresa feito em papel de pão, penso o seguinte:

Como a Petrobras ainda é uma empresa bem endividada -- com uma dívida bruta de US$84 bilhões -- o melhor é utilizar o conceito de Valor da Firma / EBITDA projetado.

Utilizo como preço alvo um múltiplo de VF/EBITDA de 6,5x para as ações da Petrobras. 

Assumindo um EBITDA para 2019 proporcional ao aumento de produção indicado pela empresa, cheguei a um EBITDA projetado de R$126 bi. Aplicando tal múltiplo, chego a um Valor da Firma de R$819 bi.

Deste valor subtraio a dívida líquida de R$254 bi, chegando a uma capitalização de mercado de R$565 bi, que representa um potencial de valorização para as ações próximo de 60% - indicando um preço alvo de R$43.

Assumindo aqui um erro para cá, outro para lá, julgo que algo próximo a R$40 me parece razoável.

Sendo assim, o que devemos fazer? Sair comprando PETR4 como se não houvesse amanhã? Talvez sim, se você é um otimista com relação ao cenário macroeconômico brasileiro.

Como não me enquadro neste perfil -- aqui peço para que você não deixe de ler o ThinkBOX relacionado a alteração na carteira MSCI -- julgo ser melhor uma posição comprada em Petrobras hedgeada com uma venda, de mesmo volume financeiro, em contratos futuros do IBOV.

Esta operação long/short me interessa mais do que a compra seca. Melhor mesmo é estar no Clube dos Ganhos Absolutos que caminha de forma consistente, sustentável e replicável.

Marink Martins





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