Muito se falou ao longo dos últimos meses sobre um possível retorno de pressões inflacionárias ao redor do mundo.
Um dos argumentos mais interessantes neste sentido é o fato de que os chineses passaram a se preocupar com questões como poluição, qualidade de vida, e outros fatores anteriormente ignorados. Por muitos anos, a orientação do governo central chinês que era passada aos líderes das províncias era algo tipo: "produza o máximo possível". Isto já não é mais o caso, e as consequências desta nova atitude já podem ser vistas na precificação de algumas commodities. Assim, os chineses que passaram 15 anos "exportando deflação" para o resto do mundo, deixariam de fazer isso.
Entretanto, a retórica em torno da inflação está mudando. E a razão para isso parece estar associada ao fraco crescimento econômico registrado na Europa.
Já se discute a respeito de uma intensificação dos problemas na Europa. A diferença entre as taxas de juros da Alemanha e Itália volta a preocupar pelo fato de projetar uma situação de insustentabilidade para a moeda europeia.
Se, de fato, voltarmos a conviver com um sentimento de aversão a risco na Europa, o mais provável é que o FED mude sua trajetória no que diz respeito a política de juros norte-americana.
Neste caso, é possível vermos a taxa de juros dos títulos de 10 anos dos EUA recuar para patamares mais próximos de 2%, invertendo a curva de juros.
E como isso impactaria a bolsa brasileira?
Desculpem-me por não oferecer aqui uma resposta objetiva. Eu, de fato, não sei. Entretanto, tal situação, mesmo que de forma turbulenta no início, poderá reduzir a atratividade da moeda americana e favorecer investimentos em mercados emergentes.
A principal mensagem aqui é que devemos voltar a olhar para a Europa com mais cuidado. Em particular, devemos monitorar de perto a taxa de juros de 10 anos dos títulos italianos. Você poderá fazer isso através de uma consulta ao site Bloomberg e/ou da CNBC.
Um bom fim de semana,
Marink Martins