Dançando conforme a música

11/02/2020

Hoje é o dia em que os chineses, em tese, voltam ao trabalho após o longo feriado associado as comemorações do ano novo por lá. As férias foram bem mais longas devido a epidemia gerada pelo vírus corona e a volta ao trabalho não será nem de longe tranquila.

De acordo com a casa de pesquisa Gavekal, o processo tende a se normalizar no fim de fevereiro, podendo ser alongado para meados de março. O impacto econômico, embora certamente negativo, é desconhecido até o momento. Na verdade, este processo de retorno ao trabalho traz riscos e poderá ser adiado se for necessário.

Em meio a tudo isso, é surpreendente a resiliência vista nos mercados; em particular, aqueles desenvolvidos. Como pode uma China praticamente paralisada não afetar o preço dos ativos financeiros? Não consigo imaginar alternativa que não envolva compras maciças destes ativos sendo implementadas por autoridades monetárias em diversos mercados globais. E se este for o caso, o que devemos fazer não é reclamar, mas sim, tentar tirar proveito das oportunidades. Vamos dançar conforme a música.


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Sendo assim, é importante que você saiba que o preço das ações brasileiras sofreu bem mais do que aquelas do mundo desenvolvido; em particular, bem mais do que o preço das ações norte-americanas. As razões para isso não se restringiram as ameaças relacionadas a paralisação da China. Elas envolveram também algumas questões que vem afetando o mercado local como:

  • Elevado volume de venda de ações presente no mercado: Tivemos não só a venda de ações de PETR3 comandada pelo BNDES, mas temos diversas outras operações que a cada dia são anunciadas na bolsa. Em comum, todas tendem a drenar liquidez dos mercados.
  • Maior ceticismo com a veracidade dos balanços: neste caso é importante destacar o caso envolvendo a empresa IRB Resseguros e a gestora Squadra Investimentos.
  • "Valuation" esticado em ações de "small caps" e associadas ao varejo digital: Empresas negociando com múltiplos acima de 50x o lucro projetado para os próximos 12 meses.
  • Ceticismo com a continuidade do processo de expansão dos bancos brasileiros devido aos avanços das "fintechs".

Esses são alguns, dentre diversos temas, que contribuem para uma maior vulnerabilidade do mercado local.

Contudo, caso a premissa intervenções maciças dos diversos BCs em busca da manutenção do status quo se confirme, não há por que temer uma forte retração por aqui.

Sendo assim, acredito que é possível vermos um movimento de reflação dos ativos locais durante as próximas semanas até que o mercado comece a discutir se o FED irá ou não dar continuidade aos estímulos que vem colocando em prática desde o evento de setembro de 2019 que abalou o mercado de operações compromissadas de curtíssimo prazo nos EUA.

Marink Martins 

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