De "Re-OPENING" para "Re-CLOSING"

Foi assim que Jim Cramer abriu seu show - Mad Money - na noite de terça-feira. Cramer enfatizou ao extremo a mudança no "guidance" fornecido pelo CDC (Center for Disease Control) - órgão responsável por combater epidemias como a COVID - que recomendou que a população americana volte a utilizar máscaras.

Sem desmerecer, de forma alguma, a importância associada à decisão do CDC, penso que a queda vista na bolsa americana ontem teve a ver também com o fato dos agentes estarem condicionados a receber notícias boas durante a temporada de divulgação dos resultados.

Abordei este tema no texto enviado no dia 14/7 - "Prometa pouco e surpreenda!". O fato é que, mesmo com ótimos resultados divulgados pelo trio Microsoft, Apple e Google, os preços das ações destas empresas não reagiram positivamente. A "barra" das expectativas está simplesmente alta demais!

Mas, não é só isso. Além do CDC e do condicionamento dos agentes, temos também a derrocada no preço das ações chinesas.

A mídia tenta emplacar uma narrativa de que o problema é algo localizado, associado a iniciativas comunistas. No entanto, é difícil ignorar o que está ocorrendo na segunda maior economia do mundo. Embora o que esteja ocorrendo por lá seja bem diferente do que foi visto na crise asiática de 1997, não podemos descartar que, caso a situação se deteriore, este tipo de comparação deverá ganhar espaço na mídia.

Assim, temos uma onda de adversidades surgindo justamente em um momento crítico para os mercados; com o índice S&P 500 ainda colado próximo a sua máxima histórica. Vamos aos fatores impactando os mercados:

Sazonalidade - O mês de agosto é um mês em que o VOL tende a subir.

Variante Delta - Extremamente perigosa para os não-vacinados; em particular, aqueles residentes dos "red states" (estados republicanos) estão mais vulneráveis.

China - as expressivas quedas registradas por Alibaba e pelo ETF KWEB exercem uma função de imã provocando quedas no preço de ações especulativas norte-americanas.

Condicionamento Pavloviano - os agentes de mercado estão mal-acostumados. O famoso "Under Promiss, Over Deliver" vem perdendo a eficácia. Resultados que, no passado eram ótimos, agora são tratados como razoáveis.

Com a temporada de divulgação de resultados do 2T21 se iniciando no Brasil, penso que tal condicionamento também será um tema que deverá fazer preço por aqui.

Marink Martins