"Do not Chase!"

Na segunda-feira argumentei que o momento é propício para uma pausa nos mercados. Nos últimos dois dias, testemunhamos uma continuidade no movimento de recuperação no preço dos ativos, mas a minha visão de mercado permanece a mesma.

O mês de fevereiro é um mês marcado por viradas e movimentos hiperbólicos nos mercados. Talvez isso tenha a ver com a realização de conferências importantes organizadas pelos principais bancos de investimentos no Brasil. Ontem mesmo, Luis Stuhlberger, da Verde Asset, e Rogério Xavier, da SPX Capital, foram destaques na mídia financeira com comentários a respeito do fluxo de recursos de investidores estrangeiros e também sobre a percepção deles quanto à eleição presidencial brasileira. Tudo isso provoca bastante ruído no mercado.

Confesso que nos últimos dias passei a considerar um cenário mais benigno para a economia brasileira. Fiz isso com base no trabalho apresentado pelo economista José Carlos Carvalho, da Vinci Partners, que você pode acessar clicando aqui.

Dito isso, o cenário é de incerteza. Temos as questões geopolíticas associadas à Ucrânia que foram mencionadas no texto de ontem. Do ponto de vista técnico, observamos nos EUA um "gamma flip" que provocou uma mudança no regime de VOL nos mercados. Os "dealers" que nas últimas semanas estavam comprados em VOL, passaram para o outro lado. Tudo isso foi resultado da enorme procura dos investidores do varejo por PUTS. Estes investidores adoram comprar seguro para incêndio justamente quando a casa já está pegando fogo. Considerando que o cenário de caos não se materializou, a busca desenfreada por proteção acabou alterando a dinâmica de preço no mercado americano.

Curiosamente, algo similar, porém em uma magnitude bem menor, ocorreu por aqui em contratos de opções de venda associados à Petrobras PN. Na sexta-feira -- dia em que a ação da petrolífera caiu mais de 4% -- a procura por PUTs com preço de exercício de R$33,01 foi enorme. Talvez seja por isso que a ação da Petrobras esteja um pouco mais leve, apesar de sua política de preços ser tema de discussão no congresso brasileiro.

Marink Martins