E o que dizer desta mais recente valorização do "Mighty Dollar"?
De acordo com Charles Gave, um dos estrategistas da Gavekal
Research, trata-se de uma questão de os EUA estarem apresentando um melhor
retorno sobre o capital investido (em inglês, ROIC) do que seus pares.
Adepto aos princípios econômicos delineados pelo economista
sueco Knut Wicksell, Charles Gave busca sempre interpretar as oscilações cambiais
do ponto de vista do ROIC.
Em sua opinião, os EUA, através da redução dos impostos e da desregulamentação, vem, de forma surpreendente, mantendo uma maior atratividade
de capitais; um movimento que já dura bastante tempo.
Embora muitos analistas esperassem por um certo
rebalanceamento global que beneficiasse empresas europeias e asiáticas, eventos
recentes como uma nova postura protecionista norte-americana vem contribuindo
para uma expectativa de que o ROIC das empresas norte-americanas -- em particular
do setor de tecnologia -- continue mais elevado do que aquele registrado por
outras empresas globais. Isso, na interpretação de Charles Gave, tem tudo a
ver com o mais recente movimento de apreciação da moeda americana.
O estrategista da Gavekal argumenta que na ausência de medidas
que vão na direção de um maior grau de competitividade, só restará a Europa
desvalorizar sua moeda como forma de equilibrar o ROIC esperado em comparação ao que está sendo praticado nos EUA. De abril para cá, as ações francesas tiveram um
desempenho inferior ao registrado pelas ações americanas em 8%. Já as ações da Alemanha, 10%. Na Ásia, o desempenho foi ainda pior, com o mercado japonês registrando
uma performance 12% inferior.
Há quem diga que a principal razão para o excelente desempenho
das ações americanas seja fruto de movimentos de recompra de ações, e que esta
recém-apreciação tende a ser um evento momentâneo.
De fato, as empresas americanas vêm adquirindo suas ações em
um ritmo frenético, a caminho de bater todos os recordes, com uma recompra
total estimada para 2018 na casa de um trilhão de dólares. E, o mais
perturbador nisso, é o fato de que tal evento vem ocorrendo justamente em um
período em que "insiders" (diretores e outros executivos) vem atuando
justamente na ponta oposta, se desfazendo de suas posições.
Bem, de uma forma ou de outra, o que temos no presente é um
dólar que parece estar a caminho de mais uma pernada de valorização.
Historicamente, sempre que isso aconteceu no passado, os mercados globais
passaram por momentos de fortes oscilações. Vamos observar.
Um bom fim de semana a todos,
Marink Martins