É chegada a hora do ouro?

07/06/2021

Não é de hoje que especialistas clamam que é chegada a hora de uma expressiva valorização no ouro. Sabe-se que a commodity metálica ficou para trás quando comparada ao movimento visto na prata e no cobre nos últimos meses. Entretanto, o que mais chama atenção neste momento é a possibilidade de que um evento, marcado para ocorrer no dia 28 de junho, se prove um catalisador para este tão aguardado movimento.

Refiro-me aqui a regras associadas a Basileia III entrando em vigor na Europa no fim deste mês. Mais precisamente, uma alteração no que é conhecido como "NET STABLE FUNDING RATIO" (NSFR) que tem como objetivo fazer com que instituições "casem" o prazo dos ativos com seus respectivos "fundings". No caso do ouro -- ativo que vem sendo tratado como "cash" para efeito de garantias -- uma mudança nessa regra poderá se provar disruptiva.

Existem dados técnicos associados a esta legislação que necessitam de uma maior explicação. Na essência, caso esta legislação de fato entre em vigor a partir do dia 28/6 na Europa, entende-se que haverá uma procura maior por ouro físico em comparação a certificados que funcionam como uma espécie de ouro "sintético". Isto porque a manutenção de posições em certificados exigirá maiores garantias financeiras. Em suma, teremos um eventual "margin call" no mercado de ouro que poderá repercutir em outros mercados.

Em paralelo, outros fatores parecem contribuir para a tendência altista no metal amarelo. Os escândalos associados a "ramsonware" (uso de software malicioso para infectar sistemas corporativos) e possibilidade de maiores tributações no mercado de criptomoedas vem contribuindo para que alguns investidores retornem ao ouro na busca por reserva de valor. Além disso, tensões geopolíticas envolvendo os EUA/Rússia/China contribuem para que países abandonem ativos em dólares em prol de uma maior posição em ouro.

Marink Martins

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