É hora de minimizar a exposição a Mercados Emergentes (ex-Asia)?

14/03/2022

A casa de pesquisa Gavekal, ao falar de mercados emergentes, normalmente os divide em duas partes: Ásia e ex-Ásia. O Brasil, que se encontra nesta segunda parte (ex-Ásia), foi um dos mercados que mais se beneficiou neste recente ciclo de valorização das commodities. A performance da Petrobras e da Vale nos últimos 4 meses (começando no vencimento de opções de novembro/21) foi sensacional. No entanto, o analista Udith Sikand -- justamente aquele que recomendou compra de ativos brasileiros no último trimestre de 2021 -- pensa que o momento é propício para que investidores reduzam sua exposição a ativos latinos.

Udith diz que chegamos a um ponto em que a elevação no preço das commodities começa a representar destruição da demanda agregada na região. Dentre seus argumentos, vale destacar um em que ele nos mostra que os alimentos possuem uma maior participação nos índices de preços ao consumidor em países latinos do que em países desenvolvidos. Por isso, a escalada nas commodities acaba contribuindo para uma maior inflação que tende a ser seguida por políticas monetárias ainda mais austeras.

Já no aspecto associado aos mercados (possível crise de liquidez), o analista nos lembra que, em tempo de guerra, os investidores sabem que ativos latinos não se vende quando quer, mas sim enquanto há compradores.

O mundo desenvolvido vive um momento de crescente incerteza em meio a maior tensão geopolítica desde a crise dos mísseis em Cuba e a maior inflação desde a era Volcker. Tentar prever a direção dos mercados no curto prazo é quase que uma tolice. Aqui, vale mencionar que a "batida" vista no mercado na última hora do pregão desta sexta-feira pegou muita gente de surpresa.

E esta semana que se inicia está carregada. Tem reunião do FED, tem COPOM, tem vencimento de opções aqui e lá fora! Além disso, a covid que parece estar indo embora do Brasil, está mais intensa na Ásia. Temos um lockdown em Shenzhen, uma das principais cidades chinesas. Os ativos chineses derreteram nos últimos dias e os spreads corporativos começam a mostrar fragilidade nos EUA. E a guerra? "Quem souber, morre... já diziam os baianos.

Marink Martins

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