É preciso saber vender!

24/09/2019

Não sei se o rei Roberto Carlos curte o sobe e desce das bolsas de valores, mas em meus delírios diários o imagino vociferando a exclamação acima a seus assessores financeiros.

Antes que o leitor pense que este texto seja uma retórica em prol de uma realocação de investimentos, trata-se de mais uma tentativa da minha parte de te convencer que investimentos em bolsa devem ser encarados de forma tática.

Em períodos de euforia e juros declinantes não é raro ouvir que a única coisa necessária para se obter sucesso na bolsa é ter paciência. Dizem os ditos sábios que no longo prazo as ações sempre se valorizam.


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Bem, em um mundo dominado por moedas fiduciárias, não dá para dizer que a afirmativa acima não procede. Afinal, em termos nominais, temos o índice Merval como um dos melhores ativos da década. Contudo, quando analisamos a bolsa comparando o seu retorno com aquele da melhor alternativa disponível, muitas vezes nos surpreendemos com os resultados.

Aqueles que compraram ações da Gerdau, da Usiminas, da CSN, da Petrobras e de muitas outras no meio da década passada sabem muito bem do que estou falando. Quem não vendeu próximo aos picos registrados entre 2008 e 2010, vive uma "dor de corno" eterna.

Mas, para que o consumidor de obras literárias sobre o mercado financeiro norte-americano não ache que os exemplos acima são meras exceções, te apresento um gráfico tão chocante como aquele da Gerdau. No gráfico abaixo podemos observar o retorno total (valorização + dividendos) do índice S&P 500 entre os anos de 1995 e 2009 comparado ao retorno obtido em títulos de renda fixa de curto prazo ("treasury bills").

Observe que todo aquele "boom" associado a chegada da internet ao consumidor não foi o suficiente para ganhar da renda fixa!

O crítico dirá: "ah, mas você está sendo seletivo na escolha do período". Sim. Mas, existem diversos outros períodos em que a bolsa - medida pelo índice S&P 500 - simplesmente não superou o "benchmark" em questão. Um outro período marcante foi entre 1959 e 1982; um período de 23 anos!

O meu argumento aqui é que investimentos em bolsa devem ser vistos de forma tática. Embora não se consiga afirmar com precisão em que estágio do ciclo econômico estamos, é possível evitar períodos em que há fortes indícios de que os preços estão em patamares elevados.

E para aqueles que já estão dentro, é importante não se esquecer que é preciso saber vender. 

Marink Martins

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